Sarah
“O sol jogava sob nossas cabeças um calor agradável da manhã. Minha mãe me vestira com o meu melhor vestido azul, cheio de listras pretas, penteara meus cabelos para trás, as ondas que estavam um pouco crescidas desde a última vez que ela mesmo tinha cortado.
— Podemos mesmo sair, mamãe? — eu perguntei a ela, ao olhar para a casa com a fachada descascando.
As mãos de minha mãe tremiam tanto que meu pequeno braço se movia junto. Eu não entendia o motivo de ela estar tão nervosa ou a nossa saída apressada, desde que meu pai saíra pra trabalhar bem cedo.
— Devemos. — Ela me respondeu, ajeitando a bolsa pesada no lado esquerdo do seu corpo.
Mais uma vez, eu fiquei confusa. Eu tinha apenas seis anos, mas eu sabia que algo estava acontecendo, só não sabia ainda o que.
Nós começamos a caminhar e quando chegamos a uma esquina movimentada, eu senti a minha mãe travar no lugar, a mão que segurava o papel que lia, tremendo mais ainda agora.
Eu não entendia o motivo dela estar tão nervosa,