Um Contrato Por Engano
Um Contrato Por Engano
Por: Ju Andrade
O Início

Eu nunca imaginei que minha vida chegaria a esse ponto. Que me casaria com um homem que me despreza, ou que aceitaria um contrato que me aprisiona. Mentiras, segredos, impulsos…

Eu me arrependo de quase tudo que fiz, de tudo que deixei de fazer, de tudo que permiti que acontecesse… Ou eu não estaria aqui, agora, deitada nesta cama, sendo acusada mais uma vez por algo que não fiz. Descobrindo da pior maneira quem é o homem com quem me casei.

— É dinheiro que você quer? — ele me segura com força pelos braços e me j**a na cama, pressionando seu corpo contra o meu. Ele olha para mim com seus olhos escuros enquanto segura meus pulsos. — Ou você não consegue manter suas roupas no lugar por muito tempo? Sexo e dinheiro, são sempre essas duas coisas que mulheres como você estão procurando.

— Solte-me, Noah, você está me machucando!

— Você ainda não viu nada, Ava. Eu te avisei para não brincar comigo, e o que você faz? Cheia de segredos, agindo como se fosse uma qualquer, sem me dar uma explicação! Típico de uma… — ele grita e se aproxima mais, chegando a centímetros de minha boca.

— Me solta! Você sabe que não pode me tocar, nós temos uma cláusula…

— Foda-se a cláusula, Ava! Não é isso que você quer? Um homem para te satisfazer? Já que você não consegue se controlar e age como uma vadia, vou lhe dar o que você quer, exatamente o que você quer! Consumaremos esse casamento de uma vez por todas. Talvez assim você pare de tentar me envergonhar.

— Noah, por favor… — suplico, com a voz embargada, sentindo as lágrimas escorrerem pelos cantos dos meus olhos — Solte-me!

“Algumas semanas antes…”

Termino meu terceiro drinque e deslizo o copo em direção ao barman, pedindo discretamente por outro. Enquanto isso, tento manter o foco na conversa com minha amiga. No entanto, os problemas que têm me atormentado insistem em dominar meus pensamentos, frustrando minha tentativa de vir aqui para esquecê-los.

O barman me entrega a bebida e resisto à tentação de tomá-la de um só gole. Aprendi, desde minha última ressaca, que o álcool não pode entorpecer o desespero e a preocupação que sinto constantemente. Se fosse o caso, eu poderia facilmente ter me tornado uma alcoólatra irresponsável nos últimos três meses.

Com um sorriso caloroso, agradeço ao barman, que retribui o gesto e se afasta. Em seguida, volto minha atenção para Emma.

— Ava! — Emma me chama, estalando os dedos na frente do meu rosto para chamar minha atenção — Viemos aqui para aproveitar a noite, mas estou entediada ao ver você tão distraída.

— Me desculpe, amiga, mas é tão difícil esquecer tudo. O problema com minha mãe, a traição de Liam…

— Você sabe como resolver isso. A solução está bem diante de você, mas insiste em querer fugir.

— Se a solução for depender do meu pai, esqueça! Não vou me humilhar na frente dele de novo, Emma. Desde que optei por ficar ao lado da minha mãe, ele deixou claro que não me dará um centavo além do meu salário.

— E é justo deixar que sua mãe corra risco de vida por isso? — Emma passa uma de suas mãos pelas minhas costas ao ver meus olhos lacrimejarem — Como você planeja resolver isso?

— Não sei, vou pensar em uma solução no final da semana. De qualquer forma, proponho tentarmos esquecer… — Minhas palavras são interrompidas ao notar um dos meus principais problemas, dançando alegremente com a mulher que me traiu — Isso é sério?

— Não posso acreditar que ele tenha essa audácia, Ava. Meu Deus, mal passou uma semana desde que você descobriu aquela traição!

— Enquanto estou aqui, sofrendo, ele nem se lembra que existo — solto um longo suspiro enquanto viro as costas para eles e esvazio o copo em minha mão. — Mas isso vai mudar hoje, mostrarei a ele que não fui afetada pelo que ele fez.

— Ou fingir, até que você o perdoe novamente, não é? Ava, você precisa entender que não existe apenas o Liam no mundo — Ela revira os olhos — Com vinte anos, você só dormiu com um homem na sua vida, que tédio! Venha, vamos dançar e tentar mudar isso.

Emma termina sua bebida e me puxa para o outro lado da pista de dança, onde deixamos nossos corpos se moverem sensualmente, seguindo o ritmo da música. A quantidade de álcool que ingeri me deixa completamente alheia à presença de Liam, e me sinto tão confiante que percebo os olhares dos homens ao nosso redor.

O garçom se aproxima com discrição, interrompendo nossa dança ao entregar um pedaço de papel.

— Boa noite, senhorita. Pediram-me para entregar isto. — Sua voz é suave, mal perceptível acima da música. — Com licença.

— O que está escrito aí? — Emma indaga, curiosa. Deslizo meus olhos sobre as palavras escritas antes de compartilhá-las com ela.

— “Linda dama de vermelho, sua dança está causando inveja nas demais. Por que não dá a elas uma chance de brilhar também? Tenho certeza de que a senhorita merece uma bebida. Venha me encontrar no bar”.

— Eu disse que esse vestido não passaria despercebido! — Emma diz, animada. Observo o homem alto, cerca de 24 anos, cabelos escuros e um sorriso cativante, levantando seu copo em minha direção — O que está esperando?

— Eu não deveria, não quero term...

— Ah, mas vai, Ava! — Emma me vira na direção de Liam, entregue a beijos apaixonados. — Esqueça sua vida certinha por algumas horas e aproveite. Amanhã é um novo dia, e você nem vai se lembrar do que aconteceu aqui hoje! — Ela sorri, me impulsionando na direção do bar.

Os passos até o homem são hesitantes. Sinto a umidade em minhas mãos, mas decido seguir o conselho de Emma e me sento sedutoramente ao lado dele.

— Boa escolha! — Ele sorri ao chamar o barman — Outro uísque e a senhorita vai tomar um…

— Dry Martini, por favor.

— Prefere bebidas amargas, senhorita…?

— Que tal sem nomes? Você me ofereceu uma bebida, mas isso não significa que seremos íntimos.

— Gostei da sua atitude, mas como devo chamá-la então? — Ele se aproxima e delicadamente ajeita uma mecha do meu cabelo atrás da orelha — Tive uma ideia, Srta. Misteriosa. Que tal a primeira letra do seu nome?

— Que tal o sobrenome?

— Você é muito exigente, mas vou lhe dar a chance de escolher.

— Pode me chamar de Srta. M., senhor? — Tento sorrir de forma sedutora enquanto o barman entrega minha bebida.

— Pode me chamar de Sr. E.

Tomo um gole do Dry Martini e continuamos a conversar de forma descontraída por um tempo. Quando me sinto tonta, provavelmente devido aos três drinques que consumi em sua companhia, decido que é hora de encerrar esse jogo de sedução.

— Obrigada pela bebida, Sr. E., mas preciso ir. Minha amiga está me esperando.

— Acho que você está enganada, senhorita. — Ele dá um gole no uísque e aponta para uma das mesas, onde Emma está se divertindo com um homem — Por que não tornamos nossa noite interessante? Não nos conhecemos, nem mesmo sabemos nossos nomes verdadeiros... — Ele se aproxima e me beija nos lábios suavemente. — Tenho certeza de que não vai se arrepender, Srta. M.

O Sr. E. me lança um sorriso malicioso enquanto percorre seu olhar por mim. Em instantes, decido abandonar toda a minha timidez, indo contra o que eu normalmente faria. Após acertarmos a conta, ele me oferece a mão e me guia para fora da boate, até chegarmos diante de uma Lamborghini Aventador reluzente.

Ao adentrarmos o hotel mais luxuoso da cidade, uma pontinha de curiosidade sobre quem é esse homem começa a me fisgar. No entanto, ao mesmo tempo, começo a questionar se a ideia de estar na companhia de um estranho foi uma boa escolha.

— Vou tomar um banho. — Anuncio ao adentrarmos a suíte, sem esperar por sua resposta.

Permaneço encarando meu reflexo no espelho por alguns minutos, enquanto metade de mim grita para aproveitar ao máximo a noite nos braços desse homem lindo e irresistível, enquanto a outra metade me aconselha a chamar um táxi e partir. Consigo quase visualizar o anjo e o demônio, um de cada lado dos meus ombros.

Retiro a minha roupa e adentro o chuveiro, permitindo que a água leve consigo o nervosismo que ainda persiste. Ouço a porta do banheiro se abrir e, minutos depois, a porta de vidro desliza, revelando o corpo perfeitamente esculpido do homem.

– Ainda melhor sem roupa, Srta. M. — murmura ele, a voz rouca, enquanto me envolve com seus braços.

— Posso dizer o mesmo, Sr. E.

Uma corrente de eletricidade percorre meu corpo, concentrando-se entre minhas pernas, quando seus lábios tocam os meus, seguidos pela língua, ansiosa por explorar.

À medida que o desejo nos envolve, ele me ergue com facilidade, ignorando o fato de nossos corpos estarem molhados, e me deita na cama, proporcionando-me uma noite que ficará gravada para sempre em minha memória.

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