O relógio na parede marcava quase oito horas, e o céu além da enorme janela de vidro estava tingido em tons alaranjados e roxos. Recostei-me na cadeira, massageando as têmporas enquanto analisava os últimos relatórios do dia. O silêncio da sala era quase reconfortante, quebrado apenas pelo som da caneta riscando o papel e o zumbido suave do ar-condicionado.
Por um instante, permiti-me olhar para o horizonte da cidade. O estrondo da porta sendo aberta trouxe-me de volta à realidade.
— Damien! — Ana irrompeu como uma tempestade, a fúria queimando em seus olhos. Atrás dela, Ronan tentava acompanhá-la, segurando os ombros dela numa tentativa inútil de acalmá-la.
— Amor, por favor, conversa comigo primeiro—
— Me solta, Ronan! — Ela se desvencilhou com um movimento brusco e caminhou na minha direção.
Levantei-me devagar, apoiando as mãos na mesa. Algo no olhar dela me deixou em alerta.
— Ana… O que aconteceu?
Ela jogou o celular sobre a mesa, o aparelho deslizando até parar diante de