Noah não sabia como conseguia fazer aquelas coisas. Nunca teve um relacionamento de verdade. Já tinha saído com algumas mulheres, claro, mas nenhuma delas tinha sido especial. Nenhuma tinha mexido com ele daquele jeito. Nunca tinha planejado um jantar - nem mesmo em sua própria casa. Nunca tinha sentido esse nervosismo no estômago, esse frio na barriga que vinha do nada e o fazia se sentir vivo.E ali estava ele, com os nervos à flor da pele. Por causa de uma mulher. Uma mulher que ele pediu em namoro em menos de um mês. Às vezes, se achava louco. Um completo maluco. Mas a paixão tinha esse poder estranho, mágico e perigoso - fazia as pessoas perderem o controle, agirem sem pensar, sentirem demais. E, de algum modo, aquilo era bom.Emma tinha despertado algo nele. Algo que ele nem sabia que existia. Ele não se importava mais com suas vulnerabilidades. Só queria estar ali. Só queria mais um pouco dela.E então havia Aurora. A garotinha que, em tão pouco tempo, já corria em sua direção
Tudo parecia um sonho.Por alguns instantes, Noah quase acreditou que o passado nunca existiu. Eles estavam sorrindo, como uma verdadeira família. Emma, radiante, segurava Aurora nos braços enquanto conversava com Rosa. A casa era grande, confortável e segura, mas mesmo assim, Noah via nos olhos de Emma uma certa inquietação. Algo sutil, mas presente.Talvez estivessem ali há tempo demais.Foi por isso que ele decidiu sair um pouco da rotina. Planejou um passeio longe dali. Um piquenique num campo ensolarado, com vista para um pequeno lago, onde o céu azul se estendia como um cobertor sobre suas cabeças. Um lugar onde pudessem respirar outro ar, ver outras pessoas, dar um pouco de mundo à pequena Aurora, que agora começava a dar seus primeiros passos sozinha, como se esperasse secretamente que a liberdade a tornasse adulta.- Vai gostar - disse Noah, olhando para Emma com aquele meio sorriso que a desmontava por dentro. Ela sorriu de volta, desconfiada. - Pedi que a Glória preparasse
Tudo isso parece um sonho, essa frase martelando na minha mente. Será que tudo isso, algum dia, vai acabar?Bem, eu espero que não, pois nunca me senti tão feliz antes. Noah parece um príncipe. A cena agora parece um verdadeiro filme de romance. Ali, deitada com Aurora, que sorria dando risadinhas, tudo parecia em câmera lenta. Estávamos em um dos parques mais lindos de Nova York. Sentados em cima de um grande pano quadriculado vermelho, deitados sobre a grama.Eu não consigo parar de sorrir vendo isso acontecer. Tudo o que eu mais queria era que essa sensação e felicidade nunca mais fossem embora. Sei que, por questões, a rotina recomeçará. Noah era meu chefe, entretanto, fora daquele escritório, era a pessoa mais doce e amorosa que eu já conheci.- O que está pensando agora? - Ele percebeu que eu estava longe, voltando à realidade e abandonando os pensamentos idealistas. Quando fico em silêncio assim, provavelmente estou pensando em diversas formas de isso dar errado.Dei um sorriso
Depois do que aconteceu, foi difícil voltar ao que se poderia chamar de normal. Mas, pensando bem... normal? Como se minha vida ainda conhecesse esse conceito. Patrick apareceu do nada e estragou tudo. Eu estava feliz - genuinamente feliz - vendo a conexão que Aurora tinha com Noah. Aquele momento em que ele disse que não queria ir embora, que não queria estragar o nosso dia, parecia sincero. Mas a presença de Patrick, mesmo tendo sido levado, mesmo tendo ido embora, tirou de mim qualquer traço de conforto.Eu sei que o problema está em mim. Algo interno, enraizado, que não consigo controlar. E eu odiava isso. Odiava parecer fraca. Odiava sentir medo. Eu sempre me orgulhei de ser forte, de ser firme. Mas quando o assunto era Patrick - e Aurora estava no meio disso - tudo mudava. Eu mudava.Era instintivo. Um impulso de proteção. Eu precisava manter Aurora longe dele, longe daquele monstro, mesmo que isso me custasse a paz.Noah estava fazendo tudo o que podia. Ele tentava nos proteger
Meu coração estava na mão. Não era como se isso já não tivesse acontecido. Só que dessa vez era diferente. Tudo era diferente com ele. Deu para sentir o desejo. o ar até ficou pesado, como se meus pulmões se recusassem a puxar o oxigênio.As taças de vinho deixaram a minha cabeça solta. Assim como o meu desejo, que eu nem fazia questão de esconder. Noah, naquela blusa branca, com metade dos botões abertos. Meus olhos olhavam freneticamente para eles, como se buscassem uma brecha. Quase desejando tirar ainda mais.Depois, encarei aqueles lábios, que diziam alguma coisa que minha mente não estava absorvendo. Apenas prestando atenção na curva que fazia.- Para de fazer isso – Ele diz, dando um sorriso sexy. Senti meu rosto arder de vergonha. Pisquei algumas vezes para voltar a realidade. Fiquei sem palavras. Obvio que um homem observador perceberia o que eu estava fazendo. – Ou vai ficar sem roupa, antes de chegarmos ao quarto.Eu estava, naquele momento, bebendo mais algum gole do pouco
Eu gostava da minha rotina como era. A casa era meu refúgio, um lugar onde eu me sentia inteiro. Ter Aurora e Emma comigo tornava tudo mais leve. Trabalhar de casa sempre foi confortável, mas preciso admitir que voltar ao escritório reacendeu algo em mim. Me deu foco. Em casa, por mais que eu tentasse manter a concentração, acabava entrando no modo automático, com a cabeça nas duas - mesmo sabendo que estavam seguras.Para Emma, sair foi mais difícil. Deixar a filha com alguém que não fosse a mãe ou a melhor amiga exigia um esforço emocional que ela tentava disfarçar. Mas eu confiava em Rosa - plenamente. Sabia que, mesmo se ficássemos dias fora, Aurora estaria em boas mãos. Ainda que "dias" fosse um exagero. Emma jamais passaria mais de seis horas longe da filha. Eu sabia disso. Era uma conexão que eu ainda não compreendia por completo, mas respeitava.Elas tinham a própria vida, um mundo só delas, e por mais que eu fizesse parte, eu sabia qual era o meu limite. Ou, ao menos, deveria
Era a primeira vez, desde que deixamos meu apartamento rumo à casa - ou melhor, à mansão - de Noah, que eu deixava Aurora sozinha. Eu sei, precisava aprender a confiar na Rosa. Ela cuida da minha filha como ninguém, é óbvio. Mas ainda assim, havia um pino solto dentro de mim, aquele receio silencioso que sussurra nos momentos mais improváveis. Mesmo assim, eu precisava focar. Trabalho. Rotina. Eu estava segura. Estávamos numa casa segura.Passei quase toda a manhã diante do computador, resolvendo pendências, organizando a agenda, tentando impor uma lógica nas rotinas que Noah insiste em desrespeitar. Para ele, tudo precisa ser previsto, avisado com antecedência, certinho como um relógio suíço - mesmo que, na prática, ele deteste seguir esse relógio.Antes do almoço, liguei no restaurante favorito. E, dessa vez, foi quase animador pedir um almoço para dois. Era melhor assim, mesmo que, lá no fundo, eu soubesse que seria melhor manter certa distância. Pelo menos por enquanto. Não ali, c
Eu sabia que o que estávamos fazendo era errado, pois a razão sempre me julgava a cada movimento, mas quem disse que eu queria a ouvir.Não deveríamos estar fazendo isso no local de trabalho, alguém poderia nos pegar fazendo isso e, com certeza, chegaria nos ouvidos do chefão, que até então eu não tinha trocado meias palavras. - Noah – Chamei-o, em meio aos pequenos gemidos que eu tentava engolir. Estávamos dentro da sala de arquivos. Um lugar bem frequentado pelas secretarias, quando se precisa de um arquivo que não está no banco de dados, então, sim, corríamos sérios riscos no qual eu tentava o lembrar. – Vamos ser pegos. Quando pensava nisso, já que estava acontecendo com frequência. Um grande erro de ambos, já que prometemos separar as coisas. Só que isso não estava acontecendo. Noah sempre me arrastava para algum lugar e todos os dois perdiam a razão, quando tocávamos um no outro.- Não acha emocionante? – Ri, adentrando suas mãos na saia, causando arrepios. O homem sorria como