Liguei para Orlando e perguntei porque ele não tinha me avisado sobre a venda e ele disse que já estava me ligando para avisar quando o telefone tocou:
- Ah, sim... E então?
- Lembra que tínhamos dito que o apartamento seria vendido por pelo menos R$900 mil?
- Sim...
- Acontece que o mercado imobiliário está péssimo com essa história de pandemia e eu só consegui um comprador que vai pagar R$400 mil, então, para não sair no prejuízo só poderei te dar R$50 mil...
- Cinquenta mil? - perguntei decepcionada.
- Sim, isso que eu deixei de lado certas dívidas para você não sair com menos ainda...
Sorri para o papel na minha frente e disse ironicamente:
- Então o instrumento de compra e venda está errado... Aqui diz que o apartamento está sendo vendido por um milhão e meio... Isso é muito acima de 400 mil, Orlando...
Ele bateu o telefone na minha cara e eu sorri para o cartorário e disse:
- Cancele esse instrumento e a procuração que eu dei para ele aqui no cartório...
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Pouco mais de duas semanas depois Orlando me ligou e o tom dele já não era mais tão amigável:
- Então, quem dita as regras sou eu... Escuta bem, garota...
Fiquei quieta.
- Você vai assinar o contrato de venda ou caso contrário eu vou garantir que você morra de fome, sem emprego, vivendo uma vida miserável.
- A herança é minha, 900 mil são meus e 600 mil são seus ou o negócio não está feito...
- Pare de ser tola, ou você pega 50 mil ou sai sem nada... Quem dita as regras aqui sou eu... Ou você pode me pagar tudo o que eu gastei, mas sabemos que você não tem dinheiro para isso...