Esperança
Mariané permaneceu atrás do vidro, no seu interior havia um inverno desapaciável que lhe congelava as entranhas. O frio cru e impiedoso lhe calava o coração, deixou de ver o panorama outonal dirigindo-se a passos vacilantes e se aovilhou no Otomano perdendo a vista na chama ardente da lareira. Seus lábios tremeram, projetando-se o inferior e ele agitou-se no choro silencioso.
Ele não se intimidou com a chegada de Ismaíl. Sentiu-o inclinar-se, não se mexeu. Ele acariciou seu cabelo, esfregando delicadamente a palma da mão aberta sobre as costas trêmulas.
- Mariané vamos vamos para a cama.
Ele não respondeu. Ele a pegou nos braços; a jovem se aconchegou em seu peito, continuou a soluçar. Fazia sete dias que, depois de perder o bebê, não falava, passava-a chorando, a duras penas comia.
- Preciso de falar contigo, por favor. Sei que sou a última pessoa com quem queres iniciar uma conversa, mas é urgente o que tenho para te dizer, florzinha.
Tinha-a depositado em sua cama, todo o