— Boba, você ainda tem a mim.
Quando Miguel disse isso, sua mão grande deu um leve tapinha na minha nuca, e então ele me soltou.
Eu, que tinha segurado as lágrimas até então, senti meus olhos se encherem de repente, e as lágrimas começaram a cair uma a uma, sem que eu pudesse impedir.
Eu não podia chorar, isso me entregaria. Tentei engolir o choro, mas quanto mais tentava, mais as lágrimas jorravam. Virei o rosto, tentando esconder minha fragilidade.
A mão de Miguel pousou de novo no topo da minha cabeça, fazendo um carinho leve entre os cabelos.
— Chorar na minha frente não é vergonha, você esqueceu?
Ele já tinha me dito isso antes, e agora repetia. Mas, naquele momento, ouvir aquilo parecia rasgar o último fio da minha dignidade. Virei de costas para ele, enxugando as lágrimas o mais rápido que pude.
Percebendo o que se passava comigo, ele pegou minha mala.
— Vou colocar no carro para você.
Ele saiu, e eu cobri o rosto com as mãos, deixando as lágrimas fluírem livremente.
Quando desc