Sebastião soltou uma risada curta e amarga:
— Parece que você realmente guarda rancor de mim.
— Não diria rancor, mas que a balança nunca ficou equilibrada, isso sim. Afinal, você desperdiçou dez anos da minha vida e dos meus sentimentos. — Respondi, sem rodeios. Já que ele havia começado o assunto, decidi ser honesta.
— E os meus dez anos? — Ele perguntou em voz baixa, quase como um sussurro. — Carolina, nesses dez anos eu também te amei. Também coloquei meu coração nisso.
Sustentei seu olhar por um momento antes de abaixar os olhos:
— Eu não nego isso. Mas no instante em que você beijou a Lídia, todo o resto foi destruído por você mesmo.
— Até criminosos têm direito a condicional e a chance de se redimir. Por que eu não teria? — Sebastião insistiu, com uma expressão de quem não aceitava o fim.
— Porque comigo não. — Respondi sem hesitar, exatamente quando a comida chegou.
Sebastião parecia prestes a continuar o assunto, mas o interrompi antes que pudesse dizer mais alguma coisa:
— Se