Aborto? Essa Lídia não cansava de bancar a dramática...
Mas, quer saber? Que fizesse o que quisesse. Minha vida já estava um caos completo, eu não tinha energia para me preocupar com os problemas dos outros.
— Deixa ela! — Falei para Luana, com indiferença.
— Ué? Você não vai bancar a santa dessa vez? — Ironizou Luana, deixando claro o quanto eu me metia nos assuntos alheios antes.
Soltei um riso sarcástico.
— A santa se cansou. Virou vilã.
— Hahaha! — Riu Luana, divertida. — Assim que eu gosto.
Ela desligou o telefone, e eu segui para o escritório de demolição para entregar os últimos documentos e assinar as papeladas. O funcionário que me atendeu me entregou uma notificação: eu tinha três dias para esvaziar o apartamento e sair.
Eu já sabia que aquilo ia acontecer. Tinha recebido o aviso semanas antes e até começado a empacotar algumas coisas. Mas agora, com o prazo final em mãos, a realidade me atingiu em cheio: minha casa, o lugar onde cresci, seria demolida. E eu não podia fazer