A sala de reuniões ainda estava cheia de murmúrios do fim do expediente. A televisão da recepção, quase sempre ignorada, estava ligada em volume baixo — transmitindo o noticiário nacional. A maioria dos funcionários já havia saído, menos Rosa.

Ela estava em sua sala, de blazer escuro e expressão exausta, mergulhada em uma pilha de documentos e relatórios que precisava revisar. O celular vibrava sem parar com mensagens de acionistas, diretores e fornecedores em pânico. Era como se todos tivessem sentido que algo estava prestes a acontecer.

E estava.

Rosa tentava, pela quarta vez, ligar para Ricardo. O telefone chamava. E chamava. E chamava.

Nada.

— Atende, Ricardo… — sussurrou com a voz falha, encostando o celular na testa, os olhos marejados.

Desde que ele embarcara naquele voo, não havia dado mais notícias. Isso não era comum. Por mais controlador que fosse, ele sempre enviava algum tipo de instrução, mesmo que ríspida.

Ela se levantou da cadeira. Foi até a porta de vidr