Don Vittorio
Há um momento na vida de todo homem poderoso em que ele percebe que o poder, por mais absoluto que pareça, é efêmero. Hoje, enquanto observo a luz suave da manhã atravessar as cortinas pesadas do meu escritório, sei que esse momento chegou para mim. O anel em meu dedo é o símbolo máximo da liderança da máfia, hoje parece mais pesado do que nunca. Não por causa do ouro, mas pelo legado que carrega.
David. Meu primogênito. Meu herdeiro.
Chamo-o ao meu escritório. A porta se abre de forma contida, e ele entra com aquele porte que sempre teve, misto de confiança e cautela. Não é um homem qualquer. É um Lambertini. E não apenas isso, é o homem que governará no meu lugar.
— Pai? — A voz de David é firme, mas há algo nos olhos dele. Uma interrogação silenciosa.
Levanto-me lentamente, sentindo cada momento do meu reinado pesar sobre meus ombros. Atravesso a sala, pegando uma garrafa de uísque, mas não bebo. Apenas encaro o líquido âmbar, como se buscasse respostas ali.
— Chegou a