Capítulo 0002
Em uma noite escura, ela retornou sozinha e melancólica ao banheiro.

O vapor da água quente dissipou o seu frio, enquanto ela massageava os olhos inchados e entrava em um quarto. Ao abrir a porta, diante dela se revelou um quarto de criança acolhedor.

Ela tocou suavemente o móbile, e a música suave da caixinha de música encheu o aposento. A luz era suave e amarelada, criando uma cena incrivelmente aconchegante. Contudo, as lágrimas de Patrícia transbordaram sem controle, escorrendo copiosamente.

Talvez fosse o seu pagamento, por não ter protegido o seu próprio filho, e assim o destino estava reivindicando sua vida.

Patrícia subiu na cama de bebê, que media 1,2 metros, encolhendo-se como um camarão. Uma lágrima do seu olho esquerdo cruzou para o direito e, então, deslizou por sua bochecha, molhando o cobertor do bebê sob ela.

Ela puxou uma boneca para seus braços e abraçou-a com muita força, murmurando:

- Me desculpe, bebê, a culpa é toda da mamãe. A mamãe não conseguiu te proteger. Não tenha medo, mamãe estará com você em breve.

Desde a morte da criança, sua saúde mental se deteriorou como uma flor delicada que murchava gradualmente.

Ela olhou para a escuridão impenetrável da noite e pensou que, desde que ela deixasse essa quantia de dinheiro para o seu pai, poderia então se reunir com seu bebê.

Na manhã seguinte, antes mesmo do amanhecer, Patrícia já estava pronta. Ela olhou para o próprio sorriso radiante na foto de seu certificado de casamento.

Num piscar de olhos, três anos haviam passado.

Ela preparou um café da manhã saudável para o estômago, mesmo que ela não tivesse muito tempo de vida, ainda queria passar o máximo de tempo possível cuidando de seu pai.

Logo quando Patrícia estava prestes a sair, recebeu uma ligação do hospital.

- Sra. Patrícia, o Sr. João teve um ataque cardíaco súbito e já foi levado para a sala de emergência.

- Estou indo imediatamente!

Patrícia apressou-se para o hospital. A cirurgia ainda não havia terminado e ela aguardava ansiosamente do lado de fora da sala de cirurgia, com as mãos juntas. Ela já havia perdido tudo e a única esperança restante era que seu pai ficasse bem.

Uma enfermeira ao seu lado entregou-lhe um monte de papéis:

- Sra. Patrícia, estes são os custos do tratamento de emergência e da cirurgia que surgiram quando o seu pai teve esse problema repentino.

Patrícia olhou os detalhes e ficou surpresa ao ver que era mais de cem mil.

Os custos mensais do cuidado regular de seu pai já eram de cinquenta mil, e ela mal estava conseguindo acompanhar, trabalhando em três empregos. Ela havia acabado de pagar as despesas hospitalares deste mês e tinha apenas cinco mil restantes em seu cartão. Como ela pagaria pela cirurgia?

Patrícia teve que ligar para Teófilo, cuja voz soou fria do outro lado da linha:

- Onde você está? Estou esperando por você há meia hora.

- Surgiu algo urgente do meu lado e eu não posso sair.

- Patrícia, você acha que isso é uma piada? - Teófilo riu friamente. - Eu sabia que não fazia sentido você mudar de atitude tão de repente. Inventar uma mentira tão ridícula, você pensa que pode me enganar?

Esse homem realmente achava que ela estava mentindo. Patrícia tentou explicar:

- Eu não estou mentindo. No passado, eu não queria acreditar nisso e pensava que você tinha uma razão para me tratar assim. Mas, agora, eu vejo claramente que esse casamento já não é necessário. Estou disposta a me divorciar de você de boa vontade. A razão pela qual eu não apareci é porque meu pai teve um ataque cardíaco e precisa fazer uma cirurgia...

- Ele morreu? - Teófilo perguntou. Patrícia achou estranho, quem falaria assim?

- Ainda não, ele está passando por cirurgia. Teófilo, a cirurgia custou mais de cem mil. Você pode adiantar um milhão para mim? Eu prometo que vou me divorciar de você!

Uma risada sarcástica ecoou do outro lado da linha:

- Patrícia, é melhor você entender uma coisa: eu quero que o seu pai morra mais do que qualquer um. O dinheiro eu posso te dar, mas somente depois que finalizarmos o divórcio.

Do outro lado da linha, veio o sinal de ocupado. Patrícia estava incrédula, lembrando-se de quando estava namorando Teófilo, ele ainda tinha grande respeito pelo pai dela. Mas, a malícia cheia de ódio que ela ouviu pelo telefone, agora não continha nem um traço de brincadeira.
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