As horas passavam e minha impotência só aumentava. Também a raiva. Não tinha a mínima ideia de onde estava minha filha, e pra piorar, eu nem um mísero real tinha pra pagar um maldito advogado decente. A frustração me dominava por completo.— Assim não vou resolver nada — falei pra mim mesma —, definitivamente preciso encarar esse canalha.Peguei minha jaqueta e saí decidida em direção à mansão daquele mentiroso. Mas antes que alcançasse a porta, mamá Rebeca me deteve.— Ángela Mendoza! — ela gritou, segurando meu braço — Pra onde você pensa que vai assim, tão alterada? Filha, espera...Não deixei que terminasse. Naquele momento, nem o sol me esquentava.— Esperar o quê, Rebeca? Que o Lombardi fique com minha filha pra sempre? Ou talvez enquanto eu fico aqui parada sem fazer nada, minha menina está quem sabe onde, assustada e cercada de estranhos? — Eu sei que elevei a voz, mas não era eu mesma. Simplesmente não podia ser.Ma
**Nota da autora:** As leis nesta história são fictícias.Ele levou Sofia até o hotel onde estava hospedada. A pobre estava muito mal. Insistia em ficar na clínica, mas estava completamente dominada pela tristeza.— Se é aqui que você veio, Loretta… a resposta é sim. Eu fiz isso — disse Sofia, com uma voz fraca, embora carregada de culpa.A surpresa nos olhos de Loretta era evidente. A amiga parecia descolocada, como se ainda tentasse entender se já sabia ou se aquilo era novidade. Mas sim, Sofia tinha feito tudo aquilo, guiada pelo ressentimento, cegada pela dor da traição.— Sofia, eu não sou quem pra te julgar… mas não é justo que uma criança pague pelas consequências do ódio dos adultos. Você sabe que as autoridades tiraram a menina da outra garota?Sofia abaixou o rosto, derrotada.— Sim… imaginei que algo assim aconteceria. O advogado Nataniel me sugeriu que dissesse que essa moça não cuidava bem da criança, também que
Minha vida não é a mesma desde que tiraram meu bebê de mim.Eu sei: posso vê-la. Mas não é a mesma coisa. Nada é igual desde aquele dia em que saí do tribunal com as mãos vazias. Com a alma vazia. Em três meses terminarei o ensino médio à distância. Quero estudar design gráfico. Um curso que possa conciliar com o trabalho e me dar um futuro melhor para Emily.Sei que Artemis pode dar tudo a ela. Tudo o que for material. Mas eu também vou lutar. Vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance. Porque ela é minha filha. E não vou deixar que ninguém me afaste dela para sempre.— Ângela, as meninas e eu vamos à casa da Rose... você quer vir?Mía me olhava com aquela preocupação constante que todas andavam tendo agora. Não a culpo. Eu sabia como me viam ultimamente. Como se eu estivesse quebrada por dentro e só tentasse manter a pose de forte.<<Ângela não parece bem desde que perdeu a guarda da filha. Pensei que ela ganharia, mas nem me
Ainda não consigo entender como fiquei grávida. Mas quando vejo o rostinho da minha pequena Emily, sei que, se pudesse voltar no tempo, não mudaria absolutamente nada. Eu faria o meu melhor por Mily, meu pequeno milagre inesperado. Quando anunciei minha gravidez, a tempestade se instalou. Meus avós e minha mãe ficaram extremamente irritados com a notícia, especialmente meu avô Alonso. Ele não se cansava de dizer que "a história estava se repetindo". Mas, claro, a história da minha mãe está muito longe de ser como a minha. Ela teve um relacionamento, um amor adolescente, do qual eu fui o resultado: outra decepção para a família Mendoza. O nascimento de Emily causou um terremoto em nossa vida familiar. Minha mãe e minha avó perderam seus empregos, meu avô perdeu o dele e, como se isso não fosse suficiente, sofreu um acidente vascular cerebral. Fui expulsa da escola por causa da gravidez e comecei a trabalhar com minha prima Victoria. Mas, em vez de ajudá-la, acabei sendo um fardo par
Mily, que agora dormia profundamente, alheia aos meus pensamentos. Inclinei-me sobre ela e beijei sua testa suavemente, inalando o doce aroma de sua pele. Não importava o que os outros pensassem ou dissessem. Ela era minha, meu pequeno milagre inesperado, e faria o que fosse necessário para protegê-la. Mesmo que isso significasse enfrentar o mundo inteiro sozinha. —Angie, acorda, filha, vai se atrasar —a voz da minha mãe interrompeu meus pensamentos enquanto ela me sacudia suavemente, tentando não despertar a pequena que dormia ao meu lado. Pisquei várias vezes, tentando afastar a letargia que sempre me acompanhava pela manhã. O sono ainda me envolvia como um cobertor pesado, e por um segundo pensei em ignorá-la e permanecer ali, aconchegada ao lado de Mily. Mas sabia que não podia. Hoje era um dia importante, um novo começo. —Mãe, que horas são? —perguntei, esticando os braços enquanto tentava despertar. Nunca fui de levantar cedo. Meu corpo parecia programado para resistir a qual
Eran por volta das cinco e quarenta da tarde, e faltava apenas meia hora para o fim do meu turno no café. Eu me sentia cansada, exausta até, e meus seios estavam cheios de leite materno. Era um dos constantes lembretes de que, mesmo estando trabalhando, havia uma pequena vida esperando por mim em casa. Sentia tanta saudade de Mily que cada segundo parecia uma eternidade. Loretta deve ter notado algo estranho em mim, porque se aproximou com aquele olhar perspicaz que sempre tinha. — Angie, você está bem? — perguntou, fixando seus olhos em mim. — Sim, claro, senhorita Russo, estou bem — respondi rapidamente, tentando soar convincente. — Sério? Porque seu rosto diz o contrário — comentou ela, desconfiada. Senti-me ainda mais desconfortável. Era meu primeiro dia no café, e eu já estava causando problemas. Não queria dar uma má impressão. Envergonhada, respondi: — Estou bem — e sem mais o que dizer, retirei-me para limpar as mesas vazias. Precisava me distrair, afastar-me dessa con
Já tinha chegado em casa alguns minutos atrás. Antes de entrar, parei para comprar fraldas, lenços umedecidos para bebês e uma barra de chocolate porque, bem, uma garota precisa se dar alguns pequenos prazeres. Mas é claro, nem tudo podia ser tão fácil. Assim que entrei na loja, me deparei com alguns dos meus antigos colegas do ensino médio. Só de vê-los foi suficiente para que aquele nó familiar de raiva se formasse no meu peito. Quantas vezes eles me fizeram sentir como se eu fosse menos que eles? As provocações sempre estavam lá, esperando para me lembrar do que eu já sabia: que nunca fui parte do grupo deles, que nunca me viram como mais do que um alvo fácil. Mas o que eu ia dizer a eles agora? Nada. Não valia a pena gastar palavras com aquelas cabeças ocas. Tudo parecia estar indo bem até que cheguei ao caixa. Lá estavam elas: Molly e Vanessa, duas meninas da minha antiga turma. Não sei o que essas pessoas têm, mas parece que estão sempre procurando formas de me fazer sentir
Era domingo, e minha mãe, junto com mamãe Beca, decidiram que seria um bom dia para fazer um piquenique. Apesar de eu ter insistido que não era o melhor momento, ambas se empenharam tanto que, no fim, não tive outra escolha a não ser aceitar. Afinal, um pouco de ar fresco não faria mal a ninguém, certo? Peguei o vestido de Emily, um estilo verão na cor rosa, e o combinei com sapatinhos vermelhos. Enquanto o preparava, pensei em como poderia arrumar seu cabelo. Com apenas seis meses, ela já tinha mechas macias e abundantes que me lembravam muito de mim quando era pequena. —Emily, você tem muito cabelo para uma bebê de apenas seis meses —eu disse enquanto escovava delicadamente seus fios—. O que acha de colocar uns "bombons" no cabelo, como os que mamãe usava quando era pequena? Você gostaria de usar um penteado como o da mamãe...? Eu me lembrava perfeitamente de como minha mãe costumava fazer dois chiquinhos que chamávamos de "bombons". Eu adorava esses penteados, tanto que até tent