Capítulo 5
— Eu vou voltar primeiro. — Me levantei depois de algumas rodadas de bebida, ajeitando a saia com elegância. — Continuem conversando, estou um pouco cansada.

Derek se levantou imediatamente.

— Eu te levo de volta...

— Não precisa. — Apertei o ombro dele. — Faz tempo que você não encontra todo mundo, aproveita e conversa mais um pouco. Eu volto sozinha.

— Então deixo o motorista te levar...

— Eu chamo um carro. — Beijei a testa dele. — Cuida do seu corpo e não bebe demais.

Derek me olhou enquanto eu saía, cheio de relutância e carinho nos olhos.

Os auxiliares brincaram:

— Alfa, vocês realmente são inseparáveis, hein...

Saí do camarote e fiquei esperando o carro na entrada do restaurante. Hoje estava chovendo, o trânsito estava péssimo.

Trinta minutos depois, uma silhueta familiar apareceu no meu campo de visão.

Sheila.

Ela usava um vestido vermelho justo, decotado, saltos finos, e caminhava em direção ao restaurante com uma sensualidade calculada. O cabelo loiro dançava no vento noturno, cada passo carregado de intenção.

Eu segui.

Ela não foi à recepção. Caminhou direto para o camarote onde Derek estava. Claramente, sabia o número exato.

Quando o garçom abriu a porta para ela, uma onda densa de feromônios escapou para o corredor.

O aroma de cedro do Derek misturado ao doce de rosas da Sheila... um cheiro tão enjoativo que parecia me virar o estômago.

Escondi-me na sombra de um canto, observando a Sheila se jogar nos braços de Derek.

Ele não afastou.

— Querido! — Sheila chamou manhosamente, a voz doce até doer. — Eu senti tanto a sua falta! Esperei por você um tempão!

A porta se fechou.

Mas o isolamento acústico deste restaurante estava longe de ser perfeito.

Ouvi risadas vindo de dentro, acompanhadas pelo som de taças se chocando.

— Já que a Sheila chegou, vamos jogar um jogo! — Os auxiliares se animaram, e as vozes atravessaram a fresta da porta.

— Que tal verdade ou desafio?

— Boa ideia! Assim fica mais divertido!

Depois, o som claro de brindes, entrelaçado com o riso agudo e melodioso da Sheila.

Dez minutos depois, a voz do Derek ecoou, um pouco arrastada, já levemente bêbada:

— Tá bom, tá bom. Eu escolho verdade. Vocês são todos uns fofoqueiros.

— Alfa, conta pra gente: qual foi a experiência mais excitante da sua vida? — Provocou um dos auxiliares com um sorriso malicioso.

Derek soltou uma gargalhada:

— O sexo... aquela vez dentro da cabine do avião. No assento do piloto, acima das nuvens, me senti como um rei conquistando o céu. Aquilo, foi indescritível.

— Uau, Alfa é outro nível mesmo! Até no céu consegue se divertir!

— Só podemos invejar!

Ouvi a Sheila rir, a voz doce como sinos:

— Então da próxima vez vamos pra um lugar ainda mais alto? Que tal uma nave espacial?

— Haha, pode ser. — A voz do Derek vinha com um sorriso mimado. — Tudo o que você quiser.

Logo depois, outro auxiliar perguntou com curiosidade:

— Alfa, qual você acha que é a diferença entre uma companheira e uma amante? Estamos todos curiosos.

Houve um breve silêncio.

Então Derek falou, e sua voz estava mais grave:

— Companheira é o porto. Amante é a tempestade. O porto te acalma. Te dá pertencimento. A tempestade te excita. Te dá aquela sensação de conquista.

— Perfeito! Falou tudo!

— Homem precisa de um tempero de vez em quando! Se não, a vida vira tédio!

— Isso aí! A de casa já tá batida... A de fora tem aquele gosto de novidade!

— Mas cuidado, Alfa, só não deixa a sua companheira descobrir. — Alertou alguém.

A voz do Derek ficou séria:

— Claro que sim. A Katherine não pode saber de jeito nenhum. Se ela descobrir...

Ele fez uma pausa, o tom carregado de preocupação:

— Vocês todos prestem atenção. Diante da Katherine, absolutamente nada pode escapar. Ela é a minha Luna, e isso não pode, de forma alguma, chegar até ela.

— Fique tranquilo, Alfa, nós não somos idiotas. Como que a Luna ia descobrir uma coisa dessas?

— Exato, somos todos adultos. Sabemos muito bem o que estamos fazendo.

Eu fiquei parada do lado de fora da porta, e meu corpo começou a tremer.

Não era de raiva. Não era de tristeza.

Era de nojo. Um nojo tão profundo que parecia me corroer por dentro.

Então era isso.

Os altos cargos da alcateia inteira sabiam.

Todos sabiam da traição do Derek, todos ajudavam a encobrir, e só eu era mantida no escuro, vivendo como uma idiota.

Todos rindo de mim pelas costas.

Eu me virei e cambaleei em direção ao elevador. Quando apertei o botão, percebi que meus dedos tremiam.

Lá fora chovia. Muito.

Uma chuva pesada, grossa, que batia no rosto como pequenas lâminas geladas.

Eu caminhei sob a chuva, deixando que a água escorresse pela minha pele, sem saber se o que descia era chuva ou lágrimas.

Na minha mente, surgiram lembranças de muitos anos atrás, o inverno em que eu tinha dezessete anos, quando prendi a perna em uma armadilha de caça e sangrei sem parar. Foi o Derek quem me encontrou. Ele me carregou nas costas durante toda a noite, em meio à nevasca.

— Katherine, não tenha medo. Eu vou te levar para casa.

Naquela época, o olhar dele era tão puro.

Tão sincero.

— Eu nunca vou deixar você se machucar.

Que ironia.

Eu não sei por quanto tempo caminhei.

Muito. Muito mesmo. Mais do que a distância que o Derek percorreu me carregando naquela noite.
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