Derek
Caralho.
Eu derrubei a mesa e chutei a cadeira para a parede e ela se quebrou. Mas nada que eu faça vai dominar a minha raiva, ela queima nas minhas veias.
Nada. Mais uma pista que me levou a um caminho sem saída.
Onde você está?
Eu rosno me levantando e soco a parede, um, dois, três, quatro, cinco, seis. Buracos e mais buracos.
Ainda lembro como se fosse hoje, quando senti o cheiro dela, naquele primeiro leilão onde nem sabíamos o que estava acontecendo com pessoas das nossas espécies.
Deus. Isso foi há dez dias.
Me restam cinco, se não encontrá-la nesse tempo, virarei selvagem e ela vai enlouquecer, antes de nós dois morrer.
Saiu do quarto, e não liguei para o rosto assustado da empregada do hotel. Ela tem muito que lidar com o quarto, ele está todo destruído, assim como a minha alma.
Odeio essa sensação.
Nunca quis uma companheira, viver a vida em função de outra pessoa nunca me pareceu certo, mas certo ou não, eu tenho uma companheira e tenho que encontrá-la, ou isso matará nos dois.
E isso não me agrada.
Nunca vi seu rosto, seu corpo, sua risada. Não sei a cor dos seus olhos, e dos seus cabelos. Só o seu cheiro e isso já estava me deixando louco, e tenho medo do que posso fazer quando tê-la em meus braços. Será que ela vai estar segura?
A noite está fria, mas isso não me incomoda. Já estou dormente por dentro. Entorpecido pela dor e a solidão.
Sou um lobo com uma matilha, mas me sinto um lobo solitário. Um perigo para minha espécie.
Estou em Toronto a um dia e já fui em dois leilões, e nada dela. Acabamos salvando grande parte das mulheres e homens que foram traficados de seus países com uma falsa proposta de emprego.
Como eu odeio esses idiotas.
– Pai. – Eu digo quando atendo sua ligação.
– Temos um contato. Conseguimos a localização do próximo leilão, mas não será fácil entrar. – Meu pai fala irritado. – Já que a lista é restrita só a membros.
– O que tenho que fazer? – eu perguntei, sem se preocupar como isso pode ser complicado.
– Você está indo a uma boate, onde eles fazem lutas clandestinas. O dono do local gosta de comprar mulheres, ele com certeza é um convidado. Você precisa se aproximar dele, ele sempre indica alguém para o próximo leilão. – Meu pai informa.
– Ok. Posso fazer isso. – Eu digo frio. Não será difícil.
– Estou passando o endereço para você. Filho, você está indo para Nova York. Não tenho nada mais que isso, nem Jack e Brian e muito menos Jasmine conseguiriam encontrar mais que isso. Tenha cuidado. Nova York é um território perigoso para nós, você sabe que família comanda aquele lugar. – Meu pai diz com raiva. Odiamos quando conseguimos poucas pistas.
– Ok. Posso fazer isso.
– Volte para casa, se não sua mãe tenta me matar. – papai fala isso me tira um sorriso. Minha mãe nunca poderia machucar o papai, ela chora só de pensar nele machucado.
– Voltarei.
Mas só com ela.
Dois dias depois
As pessoas estão gritando, mas meu foco não está neles, é no homem que está do outro lado ringue com um sorriso malvado no rosto.
O lutador mais forte deste local.
Eu me movo contra ele e espalho socos, mas o deixo acreditar que está no controle, não posso ganhar fácil ou vou chamar atenção.
Ele se levanta e me leva ao chão com um grito de guerra, eu levo meu cotovelo até o alto e depois desço contra sua cabeça com extrema força, o seu agarre se torna fraco, o que deixa fácil para escapar dos seus braços.
Eu olho em volta e vejo uma mulher morena, vestida de vermelho, me analisando. Ela é bonita, mas é fria como o gelo.
Eu viro e golpeei o meu oponente no pescoço e isso o leva ao chão. Ele precisará de um médico.
Eu fui à procura da mulher, mas ela sumiu entre as pessoas. Eu saí do ringue e sumo por um corredor, passando por pessoas gritando e comemorando minha vitória, mas isso não é motivo de alegria.
– Você está muito longe de casa, lobo. – falou a mulher que estava procurando na multidão. Se aproxima em seus saltos altos, me olhando como se fosse um pedaço de carne e eu seguro um rosno, ela é uma vampira.
– O que você quer? – eu digo olhando com frieza.
– O que você procura não está aqui. – Ela diz olhando para o prédio que acabei de sair com nojo. E me entrega um cartão com um endereço e um nome.
Andrew Montgomery
Quando levanto meus olhos para olhá-la, ela já tem sumido e eu rosno. Eu sei quem é esse homem. É um mercenário, dono de um dos clubes de luta mais populares da cidade e ele também é um lobo, o lobo com o poder de matar outros lobos, o nosso inimigo criado pela bruxa pagã, ele criou um nome na cidade e na sociedade sobrenatural.
O que ele fez, não é falado, mas nunca será esquecido. São poucos se aproximam dele e de sua família, e vivem.
Eu vou em direção à minha moto e sigo caminho para a sua boate, ele deve saber de algo.
Meus olhos caem direto no prédio grande com dois andares, a fila em sua direção está virando o quarteirão. Ele ganha dinheiro em lutas de lobos e vampiros no subterrâneo.
– Sabia que você seria esperto. – Falou a mulher de vermelho no momento que entro na boate, ela sorri e puxa minha mão em direção ao fundo da boate, odeio seu toque, mas tenho que segurar minha raiva.
Passamos por dois homens armados e depois ela sorri, ao subir uma escada, e eu rosno com o cheiro do local. Doce demais.
Quando chegamos ao topo, tenho a visão de toda pista de dança até a porta que entrei. Ela continua me puxando até uma porta preta, e lá está o lobo mercenário.
– Você está muito longe de casa, Derek. – Ele diz e eu não fico surpreso por ele saber meu nome.
– Eu estou a procura de algo. – Eu digo se aproximando da sua mesa me sento na cadeira em sua frente.
– Vou lhe levar ao que procura, o leilão ocorrerá amanhã. – Ele diz e vira me olha, e eu vejo um sorriso frio. Diferente do seu rosto ao lado de uma mulher em um porta retrato em sua mesa.
– O que quer de mim? Nada vem de graça – Eu digo cansando de suas besteiras.
– Uma aliança com o supremo Alfa. – ele diz com um sorrindo.
– Não respondo por ele. – Eu rosnei.
– Nós dois queremos a mesma coisa: a destruição do Centro de Pesquisa e Experimentos do Oculto. É, esse nome é ridículo. Eu sei. Derek, sou um homem de negócios, e isso está me atingindo de formas que não me agradam. – Ele diz se sentando em sua cadeira, e pega o copo que está em cima da mesa e bebe.
– Suas lutas subterrâneas imagino. – eu digo.
– Os lobos que estão aqui lutando. São livres para irem. São pessoas que procuram um lar, é diferente, eu sei, mas não deixa de ser lar. – Ele diz, é uma emoção passa em seus olhos, mas eu não consigo decifrar.
– Nós fomos negados pela nossa espécie, e criamos uma família aqui. Não queremos julgamento, precisamos de aliados. Existe uma sede da CPEO, aqui na cidade. E acreditarmos que nossa irmã está sendo mantida lá, como sua companheira. – a mulher de vermelho fala sombriamente.
– Como terei certeza? – Eu perguntei voltando minha atenção para ela.
– Não terá. Você está ficando sem tempo, lobo. – Ela diz rindo friamente.
– O que tenho que fazer? – pergunto insatisfeito.
– Você será a isca. – Ela diz sorrindo maliciosamente.
Lorena
Deus, eu odeio esses caras.
Idiotas humanos que querem controlar nossa espécie.
A onda de choque passa por todo o meu corpo e eu gemo, quando sinto tudo em mim queimar de dentro para fora.
Já faz quase duas semanas que estou sendo testada nas mãos desses monstros. Mas parecem ser anos, séculos.
O que me mantém lutando é saber que minha irmã foi resgatada, mas ela precisa de mim. Nós só temos uma a outra.
Lutamos sempre para nos manter sã nesse mundo cheio de loucos. Fomos criadas para ser fiéis soldados para Mercedes. Ela nos tirou a nossa escolha, e a nossa liberdade. Nós tiramos tudo.
A odeio.
Odeio o que ela fez para mim.
Me transformou em um monstro.
Não será assim por muito tempo.
A voz da minha rainha é uma anestesia sobre minha dor. Ela sempre está aqui pelos seus.
Não posso suportar mais.
Sua dor acabará, será esquecida.
Esse é um bom objetivo.
Eu gemo quando a dor me consome e eu grito. Deus, odeio. Esses idiotas. Queria matar todos.
– Ela será a melhor escolha. – Falou um dos idiotas que se dizem médicos.
– Sim. Autópsia. Vamos tirá órgão por órgão dessa sanguessuga. Ajudará na pesquisa. – Diz o outro rindo cortando o meu braço. Eu engulo a dor. Não vou gritar, não vou dar isso a eles.
Eu gemo. Não quero morrer assim, nunca quis ser assim, lutei para proteger minha irmã, minha única família. Lutei pela a minha rainha, uma mulher que sofreu tanto quanto nós.
Eu quase desmaio quando uma carga de sangue lobo é jogado dentro das minhas veias, e isso me tira mais gritos.
Lorena. Você será livre. Minha rainha fala na minha mente.
Como? Morrendo. Eu digo com amargura.
Eu pisco contra a dor e as palavras que minha rainha está dizendo. Isso não pode ser real.
É real. Eu vi.
Eu cuspo sangue, e eu gemo quando a dor vai diminuindo, e eu posso ver que estou de volta a sala de tortura, fria e fedorenta.
Qual será a consequência? O que tenho que fazer? É o que me pergunto para estar livre dessa maldição de ser vampira.
A morte, eu presumo. Não tem como voltar a ser humana. Mercedes fez um feitiço inquebrável.
Sou uma elite, não posso deixá-lo saber.
– Estamos perdendo ela! Parada cardíaca!
– Isso é impossível!
– Conseguimos criar uma cura!
E a escuridão me leva.