Capítulo 2
— Vamos ter que nos divorciar primeiro. — Disse Zane, sua voz desprovida de qualquer calor.

Um zumbido agudo encheu meus ouvidos, e por um momento, pareceu que minha alma estava sendo arrancada do meu corpo.

Demorou muito antes que eu encontrasse minha voz novamente.

— Então, era isso que você queria me dizer?

Zane não conseguia me olhar nos olhos. Apenas soltou um suspiro profundo.

— Clara, sei que Hailey não é sua irmã biológica, mas seu pai a adotou. Ela viveu com você por tanto tempo. Ela é família.

— É apenas uma formalidade. Cumprir seu último desejo é a coisa certa a fazer.

— Além disso, mesmo com o teste clínico, ela não tem muito tempo. Assim que ela se for, ainda serei seu marido.

Antes que eu pudesse sequer reagir, Olivia se aproximou e puxou minha manga.

— Apenas pense nisso como uma peça, está bem? Para o sonho da Tia Hailey.

Sua voz inocente e infantil perfurou meu coração como uma faca.

Encarei o pai e a filha diante de mim.

Este homem, que uma vez me segurou tão forte e prometeu me amar para sempre.

Esta criança, que uma vez se aconchegou em meus braços e me chamou de Mamãe.

Eu nunca havia traído ninguém. Nunca havia machucado ninguém.

Tentei tanto ser uma boa filha, uma boa irmã, uma boa esposa, uma boa mãe. Havia dado tudo de mim para esta família. Não tinha nada do que me envergonhar.

E agora, as pessoas mais próximas de mim estavam trabalhando juntas para me despojar de tudo.

Amor, família — para eles, essas eram coisas que podiam ser pisoteadas à vontade.

Mas a esta altura, se Hailey queria tudo, ela podia ficar.

Eu não queria mais nada disso.

Meus lábios estavam rachados, minha garganta apertada, mas simplesmente acenei.

— Está bem.

Zane não esperava que eu concordasse tão facilmente. Um lampejo de surpresa, e até mesmo um toque de alívio, cruzou seus olhos.

— Você está falando sério?

Ele não perdeu um segundo. Puxou uma pasta de sua maleta e a bateu na mesa de centro diante de mim.

Ele tinha os papéis de divórcio prontos o tempo todo.

Soltei uma risada desdenhosa.

Dr. Zane Pierce, o melhor cirurgião da cidade.

Tão ansioso para se divorciar que nem se incomodou em fingir o contrário.

Pela última vez, minha assinatura fluiu no papel, se fixando ao lado da dele.

Zane me observou assinar, sua expressão uma mistura complicada de alívio, culpa e uma sensação mal perceptível de libertação.

— Clara. — Disse ele, sua voz clara. — Querida, assim que Hailey se for, vamos nos casar novamente. Juro, vou compensar você.

— Você mudou. Está muito mais compreensiva agora. Eu era egoísta demais antes, sempre ocupado com o trabalho, nunca cuidando adequadamente de você.

— Quando tudo isso acabar, vou consertar.

Olivia bateu palmas animadamente.

— Mamãe, você é a melhor! Isso significa que posso chamar a Tia Hailey de "Mamãe" agora?

Essa frase despedaçou a última lasca de esperança que me restava.

Eu não tinha mais expectativas para esta família.

Agora, tudo que eu tinha que fazer era silenciosamente esperar pela morte.

Me levantei, esperando encontrar um momento de paz lavando pratos na cozinha.

Assim que liguei a torneira, uma única gota quente caiu no dorso da minha mão.

Sangue. Vermelho brilhante.

Toquei meu nariz, e meus dedos saíram manchados de carmesim.

O mundo inclinou em seu eixo. Uma onda violenta de tontura se abateu sobre mim, e o chão correu para me encontrar antes que eu pudesse sequer alcançar algo para me segurar.

No meu último momento de consciência, vi o rosto em pânico de Zane.

Quando recobrei a consciência, senti cheiro de poeira.

Ainda estava deitada no chão frio.

A testa de Zane estava franzida, um lampejo de irritação em seus olhos.

— Clara, você está fazendo isso de novo?

— Os sangramentos nasais, os desmaios... você pode parar de ser tão infantil? Você não precisa fazer isso só para fugir de algumas tarefas domésticas.

Olivia recuou, tapando o nariz.

— Mamãe, todos sabemos que você está fingindo! É tão patético como você está copiando a Tia Hailey.

Zane se ajoelhou, seus olhos cheios de decepção.

— Clara, só porque temos que assinar esses papéis não significa que você não é quem eu amo. Você não precisa fazer essas pequenas encenações para me testar.

Silenciosamente limpei meu nariz com um lenço.

O sangramento parou rapidamente.

E então entendi.

Os analgésicos não apenas bloquearam a agonia; eles a apagaram, me deixando parecendo perfeitamente saudável por fora.

Por esses três dias, eu era como uma pessoa normal.

Mesmo se um sintoma ocasionalmente rompesse, eles o descartariam como um surto emocional.

Então, os analgésicos eram ainda mais eficazes do que eu havia imaginado.

Tão eficazes que eles nunca suspeitariam de nada.

— Vi seu relatório de patologia. Você está bem. Seu pai e irmão levaram Hailey para tomar um ar; vou buscá-los agora.

Por uma fração de segundo, a expressão de Zane vacilou, mas passou tão rapidamente quanto veio.

Lutei para me levantar, meus joelhos fracos mas firmes.

— Provavelmente foi baixa glicemia. Estou bem.

Limpei minhas mãos e olhei para Zane.

— Quando Hailey voltar. — Disse, um sorriso frio tocando meus lábios. — Vou dar a vila para ela. Para que ela possa morrer feliz.
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