Aurora Backer
Algumas horas depois acordei em um lugar desconhecido, a luz branca e o ambiente todo claro incomodava meus olhos, olhei em volta e tinha uma mulher negra com o cabelo afro preso em um coque, tinha uma beleza tão natural, sem maquiagem e parecia uma boneca perfeita, ela diz:
— Você acordou! Ellie, irei chamar o Dr. Taylor.
— Obrigada. Aurora, finalmente! — Ellie se aproximou da cama sorrindo.
— O que aconteceu? — pergunto, confusa.
— Você não lembra? — Incrédula retribuiu minha pergunta com uma nova.
— Não sei, minhas lembranças estão confusas.
— Você estava histérica, meu primo tentou ajudar, mas você não estava a fim de conversar, Taylor te deu um calmante e você apagou.
— Como assim, histérica? Eu ferir alguém, o que eu fiz? — Nervosa me sento interrogando Ellie.
— Você não se lembra mesmo? Você estava maluca, batendo nele, gritando, mandando todos irem embora.
— Bom dia, Aurora. Como está se sentindo? — Taylor entrou no quarto cortando o assunto entre mim e Ellie.
— Eu não sei, estou tentando entender o que eu fiz.
— Isso não interessa agora, primeiro vou ver seus batimentos e sua pressão arterial.
— Por favor, me conte o que aconteceu comigo. Insisto, precisava saber o que havia acontecido.
Ele suspira.
— O Dr. Alex, irá falar com você em breve.
— Doutor o quê? Eu estou bem.
— Não parecia, você teve um surto após um sonho.
Vem à tona em minha mente, uma parcela da noite anterior e me deixa desnorteada, Taylor ao lado da minha cama conferindo os aparelhos do hospital e me evitando deixou claro que ele acha que sou louca.
— Meu Deus eu lembro, eu te feri? Eu te bati, eu lembro, eu sinto muito — encho meu peito de remorso, e as lágrimas queimam ameaçando cair.
— Calma, você não me feriu, você estava em pânico — Deixou a prancheta na cama e veio segurar minhas mãos que estavam trêmulas. —Você pode me contar se não quiser falar com outra pessoa.
— Bom dia, sou o Dr. Alex e posso prosseguir daqui em diante com essa consulta, obrigado doutor Taylor, mas, é particular — Um novo médico entra na sala interrompendo o breve momento sensível que eu estava sentindo, ele era magro, com os cabelos longos atrás da orelha e era bem mais baixo que Taylor.
— Sim, Doutor Alex, com sua licença. — Taylor e Ellie saíram da sala fechando a porta e me deixando a sós com o outro médico.
— Sra. França, eu sou o Dr. Alex, especialista em psicologia e fui chamado para lhe ajudar com qualquer questão traumática que passou na noite anterior. — O homem fala enquanto se aproxima da cama sorrindo. — Posso chamá-la de Aurora?
— Doutor Alex, agradeço sua boa intenção em vir me prestar assistência, mas eu estou bem, não tenho nada a dizer, na verdade, não precisava nem estar aqui.
— Como posso ganhar sua confiança? — Ele pergunta na mesma hora que pega uma cadeira e senta ao lado da minha cama.
— Primeiramente, respondendo sua pergunta anterior, pode me chamar de Aurora. E segundamente, estou bem. — respondi, com um breve sorriso.
— Aurora, você foi encontrada em choque em seu quarto por Doutor Taylor, chegando a ser necessário te sedar e trazer para uma unidade de saúde — Ele respira fundo e me fixa — você estava delirando como se tivesse alguém querendo te fazer mal.
— Eu tenho esse sonho às vezes, mas não gosto de falar dele. — Baixo a cabeça e começo a mexer na minha unha, nervosa.
— Falar vai te fazer bem, sonhar com isso pode ser algo relacionado ao seu passado. Viver no ontem pode trazer sérias consequências.
— É muito dolorido, por favor, e também é constrangedor — Sem o encarar apenas peço.
— Aurora, eu sou médico e seus problemas de saúde ficaram aqui nessa sala, portanto, confie em mim. — Insiste.
— É que, eu não me sinto pronta ainda, mas é um sonho raro isso. — Ainda cabisbaixa e pensativa comuniquei.
— De acordo com Doutor Taylor, você está bem, e só precisava dessa consulta comigo, esse é meu número, caso mude de ideia. — Me entregou um cartão com seu nome e número de celular.
— Obrigada, Doutor Alex — Deu-me uma piscadela e saiu do quarto.
Eu recebi alta uma hora depois e voltei para a pensão de carro com Taylor e Ellie, a viagem passou rápida e silenciosa.
— Obrigada por me trazer — Assim que falei Taylor me olhou pelo espelho retrovisor e aquele olhar incógnito me deixou aflita.
— Disponha, mas a gente também mora aqui — Respondeu e voltou olhar para o local onde estava estacionando.
— Gente, vou na frente, pois o Mike está ali me esperando, beijos para os dois — Ellie concluiu e saiu do carro.
— Aurora, posso conversar com você? — Taylor mirou seus olhos sobre os meus mais uma vez por cima do retrovisor.
— Sim, claro. Do que quer falar? — Mesmo nervosa, confirmei.
— Por que veio de Nova Iorque para cá? — Se virou para o banco de trás na medida que tirava o cinto de segurança.
— Bem, é que… — parei para pensar e buscar uma resposta. — Eu estou fugindo.
— Fugindo? — Abriu a boca tomado pelo choque.
— Sim, cidade grande, muito trabalho... Estou muito cansada. — Consigo contornar a situação a tempo.
— E por que seu marido não veio com você?
— O quê? Como descobriu? O quê você sabe? — Ansiosa, interrogo.
— Eu vi sua aliança, então chutei e acertei! Por que está fugindo do seu marido? — Apontou para meu dedo anelar esquerdo e sorriu convencido.
— Você sabia que está sendo intruso? Isso só diz respeito a mim. — Ignorante, respondo.
— Uau, algo realmente grave aconteceu, só estou tentando entender a miss Nova Iorque.
— Como você descobriu? Anda me investigando? — Mais surpresa que o comum, eu indago.
— Descobrir o quê? Eu já falei que vi sua aliança e presumi que era casada.
— Eu não gosto que me coloquem contra parede... Então, viva sua vida bem longe de mim. — Sai do carro e bati a porta com força.
— Além de maluca e teimosa, ainda é uma chata arrogante!— Taylor também sai do carro e grita apontando em minha direção.
— E você um intruso, e acha que precisa consertar as pessoas. — Andei em passos largos para longe do carro e fiquei na calçada escura da rua.
— Sabe, só uma pessoa doida reage daquela forma ao acordar. Eu devia ter te levado para um manicômio e não para um hospital comum. — Se aproximando mais uma vez Taylor me ofende chamando-me de louca.
— Eu nunca te pedi nada, cara, e já te agradeci pela ajuda desnecessária e não solicitada. Vai jogar mais isso na minha cara?
— Quanta ingratidão! — Parou na minha frente. — Bravo, você é uma riquinha que fugiu do marido por talvez chifre?
Nos aproximamos na medida que trocamos insultos, quando me desequilibro em um desnível da calçada e Taylor me segura firme, impedindo que eu caísse. Sinto os braços dele em volta de meu corpo e olho em seus olhos. Taylor demonstra um brilho escuro de desejo no olhar, deixando-me levar pelo calor do momento, abro a boca na esperança de um beijo, mas não acontece. Taylor encosta a sua testa na minha e suspira, selando o canto da minha boca e depois prende seu olhar novamente ao meu, porém nesse momento, era doce e gentil. Ficamos assim por pelo menos uns 5 segundos então ele fala:
— Desculpa, mas não posso ser um band aid. — Ele se afasta fazendo-me sentir falta de seus braços me envolvendo, então se vira para sair.
— Você não é um band aid. — Minha voz é um sussurro leve.
— Boa noite, Aurora. — Ele some pela escuridão da noite.
Voltei confusa para meu quarto na pensão. Deito perdida em pensamentos sobre tantas coisas e o medo me assombra, deixei as lágrimas caírem para aliviar o peso que estou sentindo, chorei até finalmente pegar no sono.
É madrugada quando acordei sentindo sede, levantei e desci até a cozinha em busca de água. Estou tão sonolenta caminho quase dormindo. É quando esbarro em alguém saindo da cozinha. Abro os olhos e vejo Taylor sem camisa me segurando após trombarmos um no outro. Posso sentir a tensão entre nós mais uma vez, seus olhos brilhando repletos de luxúria confirmam que essa atmosfera envolvente não é só coisa da minha cabeça, mas uma voz feminina ecoa do corredor.
— Tatá, você estava demorando, então vim te procurar.
Nos afastamos no segundo que a vejo, a enfermeira sexy do hospital vestindo apenas uma camisola vermelha com seus cabelos soltos e bagunçados, juntei o fato dele estar sem camisa e imaginei qual era a relação dos dois.
— Desculpa, encontrei Aurora no caminho, e quase derrubei ela, mas estou indo — Taylor se atreveu a falar.
— Desculpa, eu vim pegar água, mas perdi a sede. — passei por ela e voltei para meu quarto.
Quando entrei no quarto sentei na cama, chateada por vê-lo com a enfermeira deusa, mas não entendi o motivo.
"Esquece esse cara, Aurora, além de comprometido, é um arrogante."
Escutei eles passarem pela minha porta rindo e logo em seguida a porta do quarto de Taylor se fecha, e os sons intensos rolam.
— Ah, que merda, eles vão transar? — Revoltada me deito e jogando um travesseiro na minha cara para abafar os ruídos.
Para dar ênfase em meu pensamento a tal enfermeira diz:
— Minha nossa, você é tão grande, que não consigo parar de te sentir.
E minha noite de sono foi péssima por todo barulho deles. Até que param perto do amanhecer.
— Bom dia, Aurora, como você está? — Ellie entra no meu quarto tentando me despertar.
— Não abra essa janela, Ellie, estou morrendo de sono. Muito cansada de ouvir seu primo e a Enfermeira sexy — Resmungo.
— Se acostume, eles são assim. — Ela afirma que o terremoto do quarto deles é comum por aqui.
— Está dizendo que eles vivem assim? — Tiro o travesseiro do meu rosto e fito Ellie horrorizada.
— Sim, estou! Hoje é dia de fazer compras de roupas para você, já que não suporta minhas roupas.
— É que rockstar não é bem o meu estilo.
— Ok, estou esperando lá embaixo — Ellie jogou um look na minha direção. — Vista-se e vamos às compras.
Após fazer minha higiene pessoal pego as peças de roupa que ela jogou em mim e travei com a visão.
"Nossa, isso vai ser estranho, mas não tenho outra coisa além de um short e um cropped."
Enruguei o nariz ao me olhar no espelho quando vestia a roupa. Sigo para a cozinha depois de pronta.
— Bom dia, garota, você está sexy, que corpo maravilhoso! — Ellie falou e bateu palmas sorrindo.
— Ellie, não deboche, estou morta de vergonha em sair assim — Cruzando as pernas e sentindo as minhas bochechas quentes, mexo no cabelo para controlar meu nervosismo.
— Você está gata demais, não é primo? — Ela pergunta e olha pra trás de mim, ele responde:
— Bom, eu não estou vendo de frente, mas se a intenção é chamar atenção dos homens da cidade, você vai conseguir.
Virei na mesma hora que ouço sua voz e sinto queimar cada parte do meu corpo por onde os olhos de Taylor passeiam.
— Caramba, você está chamando muita atenção — Sua voz soou cautelosa.
— Isso é bom ou ruim? — Pergunto-lhe sem quebrar a conexão em nosso olhar.
— Isso é muito bom de ver — Parou de repente e tornou a dizer: — quer dizer péssimo, você está parecendo uma mulher da vida. Se dê ao respeito, os homens daqui…
— O quê? — Interrompo-o indignada — Você está dizendo que os homens aqui são assediadores? Ou descontrolados? Eu uso o que eu quiser e eles que se segurem.
— Não funciona assim, é errado, mas, você também precisa esconder seu corpo, minha prima namora um policial. Você não — Ele fala como se quisesse justificar o motivo dela poder usar short e eu não.
— O que você quer dizer com isso? Que ela só é respeitada por causa do namorado policial dela? E eu não serei por não estar com um? — Afronto.
— Exatamente, pelo menos você é inteligente, vai ser ainda mais se tirar essa roupa.
— É aí que você se engana, pois irei assim. Vamos, Ellie!. — Passo por ele rebolando para mostrar que sou a dona do meu corpo e do que eu uso.
Saímos da pensão sem nos preocupar com o que vão pensar. seguimos o caminho até a loja de roupas. Chegamos bem, embora o trajeto tenha sido bastante incômodo, tive que aguentar ouvir homens me chamando de "carne nova no pedaço". Deixando-me constrangida e desapontada pelo fato de Taylor estar certo.
Algum momento depois.
Escolhi minhas roupas, e quando estamos saindo da loja, o celular de Ellie toca, ela atende e fica abismada quando desliga volta sua atenção para mim.
— Aurora, vou precisar ir até o Mike, esqueci totalmente do meu almoço com ele, e agora está chateado.
— Tudo bem, obrigada pela ajuda, vai ver seu namorado, em casa a gente se fala.
— Obrigada, sabia que entenderia, até mais tarde — Ela sai correndo e eu continuo caminhando pelo caminho que viemos. Até que sou surpreendida por dois homens que aparecem em minha direção. Visto o casaco que comprei na loja para evitar problemas maiores.
— Olha que gracinha ela se vestiu… Mas nós já vimos você mais cedo, gostosa! — Um dos homens é velho com os cabelos na cor cinza.
Ignoro mais do que ando, tentando lembrar certinho do caminho e chegar breve na pensão.
— Sim, não adianta esconder esse corpinho agora, gracinha. — O segundo homem é ruivo, tem sardas no rosto, na faixa etária de 27 anos.
— Deixem-me em paz. — Sinto meu coração acelerar à medida que os passos deles aparentam estar mais próximos de mim .
— Olha ela é brava, precisa de um trato, essa fera! — O homem mais velho brinca.
— Sim, com certeza. Essa precisa ser domada. Vamos acabar logo com isso — O mais novo termina de falar e puxa meu braço, lutei para me livrar das suas mãos em mim, buscando a alternativa mais viável e chutei as bolas dele.
O homem caiu no chão, embora o segundo já tivesse vindo em minha direção, quando o som do carro rasgando o chão assusta a todos. Com meu braço nas mãos do ruivo, tento me soltar, quando o carro para perto da calçada velozmente.
— Solta ela!