Luara Arantes apesar das dificuldades da vida, nunca deixou que as dificuldades tirarem o sorriso do seu rosto, nem mesmo o preconceito estúpido que sua família alimentava durante anos, fez ela mudar sua essência de fazer o bem. O amor familiar é realmente forte como dizem? Para ela existiam muitas incertezas quando o assunto envolvia sua família. Ela não sabia como contar sobre o pequeno Lucas a família, durante cinco anos guardou esse segredo, por medo da reação deles. Ele era seu filho adotivo, graças a ele, diariamente tinha forças de encarar a vida com leveza. O destino entrelaçou sua vida bagunçada ao de Josué Monteiro, um homem capaz de tudo para chegar no seu objetivo. O que os dois têm em comum? Talvez muito mais do que pensaram ter!
Leer másLuara Arantes
Deixei de lado meu medo e retornei para cidade que jurei nunca mais voltar. O tempo não apagou tudo que havia sofrido por ser ingênua. Do que estou falando? Estou falando de ter assumido a culpa de um incêndio local para defender o babaca por quem era cegamente apaixonada. Meu avô infartou com toda a confusão que saiu até na televisão. O sobrenome Arantes era bem conhecido pela cidade, porque nossa família foi uma das primeiras na fundação dela. Eu não sabia o que me aguardava, pois não tinha avisado a ninguém da minha chegada, muito menos comentei sobre o pequeno Lucas, meu filho de coração. Ele foi um presente de Deus e acreditava que eu era seu anjo por ter cruzado seu caminho. Minha família não sabia do meu filho de cinco anos. Não era um dos melhores momentos para todos saberem dele, não queria que meus pais soubessem que ele não tinha nosso sangue, portanto, seria um segredo.
Depois de alguns minutos sentada no banco da praça com meu filho, busquei forças e decidi que era a hora certa de encarar minha família. Eu precisava deles desesperadamente por causa do meu menino. Perdi o emprego e por consequência fui despejada de casa. Era humilhante, sabe? Estar de volta como uma fracassada.
— Lucas, não esqueça o que combinamos, está bem? — avisei, para o meu pequeno travesso de olhos negros lindos.
— Não vou esquecer, mamãe. — respondeu, dando um lindo sorriso.
Segurei firme em sua mãozinha e respirei fundo. A casa da minha família conseguia vê de onde estávamos. Ela continuava igualzinha desde a última vez que a vi. Éramos uma família classe média. Nossa casa estava há gerações na família. De um lado trazia comigo a pequena mala de rodinhas com minhas roupas. A mochila azul que trazia nas minhas costas era as coisinhas do meu filho. Após atravessarmos a rua pavimentada, senti um pouco de angústia. Eles não ficariam felizes em me reencontrar com um filho. Abri o portão que fez um barulho escandaloso. Queria ser discreta, no entanto, tudo tinha ido água abaixo.
— Luara? — minha irmã Isabela, questionou assustada. — Mãe! Corre aqui, mãe! Luara trouxe um garoto branco com ela! Mãe, ele tem os cabelos loiros! É muito branco! Sinto que vou cegar, mãe!
Esqueci de mencionar que éramos uma família negra, como éramos descendentes de escravos, minha família tinha um dilema muito preconceituoso, em relação a qualquer pessoa de pele alva, para eles essas pessoas mereciam ser castigadas, mesmo sem razão alguma pra isso. Minha irmã idiota, saiu berrando casa adentro que eu havia trazido um garoto branco. Como era ter uma família racista? Uma droga!
— Filha? — dona Regina disse levando uma das mãos ao peito. Eu sabia que o drama começaria. — Aí! Estou com falta de ar! Sinto que estou morrendo! De quem é esse menino branco, Luara? Por favor, diga pra sua mãe que não é o que estou pensando...
Revirei os olhos. Lucas assustado apertou com força minha mão. Aquilo tudo era uma palhaçada, um drama muito mal atuado!
— É o seu neto, mamãe! — afirmei, com um sorriso nervoso nos lábios. Adentramos a casa e tentei ignorar os gritos da minha mãe vindo logo atrás de mim.
— Luara! Não acredito que você deu pra um burguês! Foram nove meses com você na barriga! Quase um ano! Sofri tanto em cima da cama pra parir! Pra isso? Por que me odeia desse jeito? Te ensinei desde cedo que deveria sempre se prevenir! Meu Deus, por que me deu uma filha dessas? Por quê?!
— Mãe! Não vê que está assustando o seu neto? Olha pra ele, completamente, assustado!
Não demorou muito até meu avô Alfredo adentrar a sala de estar com sua bengala como suporte.
— O menino é branco! — disse apontando a bengala na nossa direção e continuou. — Luara, cadê o pai desse garoto? E por que não está com uma aliança no dedo? Quem foi o infeliz que te engravidou e abandonou? Pensei que gostasse de negão e não de mandioca branca! Você tem vinte e três anos! Esse garoto tem que idade?
Olhei para Lucas e estalei a língua, era o sinal para ele agir como tínhamos combinado. O pequeno logo entendeu e se jogou no chão. Acharam mesmo que eu ia chegar em uma família racista sem um plano? Acharam errado!
— Barriga, doendo, mamãe...
Que orgulho do meu garotinho. Ele conseguiu chamar atenção da minha família, por estar se contorcendo no chão, feito uma cobra com cãibra. O que eu poderia fazer? Deixar que todos me julgassem sem sequer ouvir uma palavra minha? Eles teriam muito tempo pra isso ainda, pros seus julgamentos ao meu respeito! O interrogatório parou e aparentemente meu plano estava dando certo.
— Vocês podem parar? Falaram tanto que deixaram o menino doente! — resmunguei, gesticulando com as mãos.
Peguei meu filho no colo que continuou com sua bela atuação de menino doente.
— Liguei para o papai e contei tudo! — Isabela disse, me dedurando com um sorrisinho de deboche no rosto. — Luara, tá ferrada!
Por que minha família era tão sem noção daquele jeito? Crescer em uma família de loucos foi um verdadeiro desafio.
— Esqueceu dos seus remédios hoje, Isa? Esses peitões estão engolindo seu cérebro! Coitadinha! — desdenhei.
Minha irmã tinha acabado de completar dezoito anos, entretanto, continuava com a mentalidade de uma garota de doze. Usava seu corpo de mulherão para me humilhar sempre que surgia oportunidade. Ela nunca foi uma irmã de verdade que pudesse ser um apoio, sempre foi um castigo.
— Invejosa! Sou a mais linda da família, aliás, agora vejo que sou também a única sensata. Querida irmã, sou eu ou você que escondeu um filho? Nosso pai, vai te dar uma surra!
O barraco estava armado e quando o senhor Osvaldo nosso pai chegasse, talvez a casa viesse abaixo. Eu precisava guardar toda força que tinha para encará-lo de frente sem fraquejar. Depois de alguns minutos de pura confusão consegui colocar minhas coisas no meu antigo quarto. Lucas ficou sentado jogando no meu telefone, enquanto eu guardava algumas coisas na cômoda marrom poluída de adesivos de caderno.
— Filho, não se mexa tanto, essa cadeira tem uns mil anos. — resmunguei, preocupada. A cadeira de madeira poderia acabar derrubando ele.
— Sou forte, mamãe. Não caio nunca! Sou um super-herói, o super Lucas!
— O super Lucas precisa se cuidar também, viu? Não quero nenhum roxinho em você.
Ser mãe nunca tinha passado pela minha cabeça até vê-lo pela primeira vez. Seu rostinho bochechudo me fez apaixonar de imediato. Recordar da mãe biológica dele causava-me revolta, pois a mulher tinha uma pedra no lugar do coração. Evitei do pequeno Lucas ir parar em uma lixeira ao lado do hospital, como um lixo descartável. A mulher segurava uma caixa de papelão e ao perceber minha presença fugiu, deixando a caixa no chão. Se não fosse a atitude suspeita dela nunca teria me aproximado daquela caixa. Consegue imaginar como fiquei? Em choque! Era um bebezinho frágil, largado como se não significasse nada. Levei o recém-nascido comigo até o hospital para ser examinado e depois fui até a polícia, assim descobri que ele tinha apenas dez dias de vida. Mesmo sendo jovem, me responsabilizei pela criança e adotei. Foi amor desde o início e por ele era capaz de tudo.
Foram quatro meses planejando o casamento para que nada saísse fora do lugar. Foi tempo suficiente para recuperação do meu pai, claro que seria ele que estaria do meu lado até o altar. Era domingo finalzinho de tarde enquanto finalizava os últimos retoques no meu vestido de noiva. De frente para o espelho não me reconhecia, nunca pensei que casaria um dia. Tentei não chorar de emoção pra não borrar toda a maquiagem. Meu noivo naquela hora já estava na igreja me aguardando com os convidados.— Você está muito linda! — Isabela disse, dando-me um abraço breve. — Não acredito que vou ver você casada.Minha irmãzinha e eu tínhamos nossos conflitos ainda, mas coisas bobas de irmãs. Ela finalmente
Luara ArantesEu sabia que tinha algo de muito errado quando Josué chegou em casa, mas esperei que minha família fosse embora para poder conversar com ele. Naquele instante não sabia ainda o que havia acontecido. Depois de bater algumas vezes na porta do nosso quarto ele resolveu abri-la. Vê-lo como vi doeu muito. Não era momento para perguntas, pelo menos, sentia que não. Abracei-o com amor e tudo que ele fez foi chorar. Algo grave tinha ocorrido, ele não era nenhum chorão, conseguia sentir toda sua dor.— Sinto muito, Lua. Minha mãe nos traiu, mentiu pra nós dois. Ela seguiu com o processo. Agora não sei mais de nada, qualquer palavra dela não temos como saber se é verdade. Meu pai não aguentou, contou tudo, eles estão se divorciando!
Josué MonteiroLuara e a família pareciam estar se entendendo bem, apenas fiquei como um observador enquanto a conversa fluía naturalmente. Isabela gostou do porco e junto com o Lucas ficaram alisando aquele monte de banha. O bolinha era pior que qualquer animal normal, ́ sério, mas não tinha escolha de expulsá-lo. Precisava me acostumar a ele como membro da família. Quando a campainha tocou, imaginei que fosse alguém conhecido porque não fui avisado pelo interfone de uma visita, porém, fiquei preocupado porque não esperava mais visitas das quais já tinha. Disposto a dispensar quem fosse caminhei até a porta e abri.O par de olhos tristes vieram de encontro aos meus.— Josué, precisamos conversar. — diret
Luara ArantesBolinha o porco era como se fosse um cachorrinho, no entanto, em tamanho maior e mais bagunceiro. Dois dias com ele no apartamento e tinha destruído alguns papéis de Josué, nem preciso mencionar o quanto ele ficou chateado com o fato. Meu namorado era maravilhoso e compreensivo, contudo, não era fã do nosso animal de estimação. Eu evitei que o porco virasse churrasco. A ideia de adotar um porco adulto de duzentos quilos foi do Lucas. Acabei cedendo por causa dele que se apaixonou pelo porco. Alexandra ficou muito feliz quando trouxéssemos o bolinha pro nosso apartamento, pois no dela ele fez uma bagunça, principalmente nos seus móveis caríssimos.Infelizmente precisei esconder bem o desenho que ganhei do meu pequeno para que um certo alguém curioso não en
Josué MonteiroMuitas coisas aconteceram durante um mês. Não pensei que fossemos viver todos em paz e ter uma convivência boa. Minha mãe tinha realmente mudado e estava orgulhoso dela. Meu pai que vinha agindo estranhamente, não sabia a razão dele ter comprado uma casa na praia, descobri por acaso, quando fui conversar com ele, pediu para que guardasse segredo. Mas por quê? Talvez ele me contasse em breve. Luara e eu nos mudamos definitivamente para a capital. Precisei arrumar outro lugar para morarmos com mais espaço. Nosso filho estava se adaptando bem à nova escola. A família da Lua não mandava notícias há quase duas semanas. Meus sogros eram muito cabeça dura e ainda insistiam que tínhamos que casar, juro que tentei e não foi pouco, mas ela não quis.
Luara ArantesQuase não acreditei quando o pai de Josué telefonou para jantarmos juntos. Eu não queria voltar naquela casa, muito menos ficar perto daqueles dois, contudo, não pude negar o pedido de Josué. Alexandra levou Lucas para ficar com ela em seu apartamento. Dá pra acreditar que não queriam ver o próprio neto? Estranhei, claro! Mas guardei minhas inseguranças apenas pra mim. Meu homem estava esperançoso de que o jantar fosse uma trégua e que tudo finalmente ficasse em paz.Coloquei um vestido preto de seda e alças finas. Optei por uma sandália salto baixo. Foi o máximo que fiz por aqueles dois, pois não perderia meu tempo me maquiando por causa deles. O trajeto até a casa deles foi de silêncio, não sabia o que nos aguardava qua
Último capítulo