Don Falcone
O telefone em minha mão pesa mais do que deveria, mas a tensão que sinto vai além do aço frio que carregamos no sangue da máfia. Meu plano era simples, resolver as questões no Brasil, encontrar respostas sobre a morte de Cesare e sondar a aliança de Giulia com os americanos. Mas no nosso mundo, nada permanece simples por muito tempo. E agora, os russos resolveram testar a minha paciência.
— Giulia. — Digo assim que ela atende. Minha voz é firme, mas controlada. Ela merece respeito, ainda que eu não baixe minha guarda nem por um segundo.
— Preciso adiar a minha viagem. Houveram... complicações aqui.
Ela fica em silêncio por um momento, mas eu sei que sua mente trabalha rápido. Giulia não é do tipo que faz perguntas desnecessárias.
— Algo grave? — sua voz é calma, mas percebo o peso da preocupação nas entrelinhas.
— Um carregamento de armas foi interceptado. — Respondo, caminhando até a janela de meu escritório, onde a noite em Palermo é iluminada pelas luzes da cidade.
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