Capítulo 17 - Parte 3
Ela se manteve indiferente, lavando copos:
— Quer que eu pague?
Ele a fez soltar tudo e se virar de frente:
— Não é pelo dinheiro, acha que é brincadeira essa merda, Kel? — Já vi vários parceiros meus caindo, overdose, asfixia por passar mal sozinho. — Cê quer morrer? A fita é essa?
Ela disse que não, se afastou, foi no quintal recolher roupa, colocou panelas no fogo. Ele ficou sério encarando. Ela falou cabisbaixa, temperando a salada:
— Vou embora amanhã!
Ele sentou na mesa:
— Ah, vai começar a tiração, vai embora pra onde, caralho? — Cê não disse que não tinha pra onde ir? — Qual foi? Vai voltar levar na cara todo dia com o viadinho?
Ela começou a arrumar a mesa:
— Vou dar um jeito. Você não me quer aqui. É um homem de negócios, muito ocupado!
Ele levantou, foi pegar garfo e faca pra comer:
— Porra nenhuma, Kel! — Claro que te quero aqui na moral. — Solta a voz, vai pra onde? Com quem?
Ela serviu o jantar só pra ele: arroz, feijão, salsicha e salada de alface: