Eu precisei sair e não tive a inteligência de perguntar seu telefone... ou nome. Mas quem daria seu telefone, a um completo estranho no trem? Eu... talvez...
— Eu estava dormindo. — Dominic resmunga, quando abre a porta. — O que faz aqui às sete da manhã?
— Vim tomar café.
— Por que aqui?
— Você me fez sair da fossa... eu acho. — balanço a cabeça. — Eu até peguei o metrô hoje.
— Não consigo entender essa sua paixão por andar de metrô. Lotação, gente suada, e ainda corre o risco de ser reconhecido.
— Eu gosto daquele meio de transporte. Vejo diversos tipos de pessoa, ouço várias histórias. É divertido.
— É insano. — ele digita algo no celular. — Já pedi nosso café. Em meia hora entregam.
— Estou faminto.
— E eu com sono. — reclama.
— Está um belo dia lá fora, Dom.
Ele me olha e depois vai até a janela, abrindo a cortina.
— Está nublado. Como sempre. O que aconteceu com você?
— Nada! — exclamo. — Só acordei de bom humor.
Dominic arregala os olhos e corre até mim.
— VOCÊ LIGOU! — ele não estava perguntando. — NÃO ACREDITO QUE VOCÊ LIGOU!
— Não foi pra isso que me deu o número?
— Eu tinha sido completamente irônico, John. — ele começa a gargalhar. — E como foi?
— Legal. A menina que me atendeu, era divertida.
— Se aliviou, então.
— Não vou falar sobre isso com você, irmão.
— John, eu não estou acreditando.
Dominic gargalhava tanto, que eu sentia vontade de dar um soco nele. Eu não conseguia entender o que era tão engraçado no que eu tinha acabado de falar.
— Não fizemos nada. — confesso.
— O que?
— Eu liguei, mas fiquei tão sem jeito, que acabamos conversando.
— Você conversou com uma atendente de tele-sexo? — questiona. — Elas ganham pelo tempo que os homens demoram para gozar.
— Eu sei, mas não consegui. E ela foi tão atenciosa.
— Você é louco.
A campainha toca e Dominic vai abrir.
— E tem outra. — comento. — Conheci uma menina no metrô.
— Ahhhh, cara. Pelo amor de Deus!
— O que? Ela era linda e estava dormindo em pé. Precisei ceder o meu lugar.
— E foi só isso? — pergunta, já voltando com nossa comida.
Dominic sempre me zoou pelo fato de eu ser apegado a qualquer garota que conhecia. Eu não conseguia simplesmente conhecer alguém, fazer sexo e dizer adeus. Toda e qualquer garota que passou pela minha vida, de algum jeito, ela foi importante.
— Sim. Eu nem lembrei de perguntar o nome. Sou um idiota mesmo.
— É. Ela não te reconheceu? — nego. — Então você é um idiota ao quadrado.
Dominic continua resmungando e eu me desligo dele, me perguntando se algum dia o destino colocaria aquela garota no meu caminho de novo.
[Emma]
Eu acordo com uma ligação de Lilian. Resmungo e imploro mentalmente, para que eu não precise ir trabalhar hoje.
— Ahhh...
— Calma, amiga. — ela ri. — Não iremos trabalhar hoje. Estou aqui na sua porta, com comida e novidades.
— Eu passo as novidades. Estou indo abrir pela comida.
Escuto sua risada, antes de largar o celular na cama e ir abrir a porta.
— Oi, amiga. — abraço-a. — Desculpe pelo meu estado. Estava praticamente morta.
— Eu conheço você, Emma. Você dorme como uma pedra, independentemente de estar ou não cansada.
Assinto e vou para o banheiro. Escovo os dentes para tirar aquele bafo de leão e volto para a sala, encontrando Lilian com meu notebook aberto.
— O que está fazendo? — questiono, tirando uma das caixinhas de dentro da sacola.
— Amiga, primeiramente, eu amo muito você.
— Lilian Blanco, em que merda você me meteu?
— Talvez eu tenha te inscrito em um site de encontro as cegas...
— Talvez?
— Inscrevi. — assume.
— Aí, Lilian. Eu não tenho tempo e muito menos paciência para pensar em homem.
— Você nunca namorou e tem vinte anos.
— E desde quando isso é um problema? — pergunto, enchendo minha boca de macarrão. — Eum não queru perder meu tempu...
— Para de falar com boca cheia e é tarde demais. O site encontrou seu par ideal.
Me engasgo com a comida, quando minha intenção foi rir.
— Um par ideal para mim? — rio. — Isso é impossível.
— Não é.
— Comida favorita dele?
— Chinesa. E é a sua também.
— Cor favorita?
— Indeciso entre verde e azul.
Estranho...
— Isso não vai bater. — digo, confiante. — Cantor favorito?
Lilian ri.
— Justin Bieber.
— Ahh, não! Isso é manipulado. Justin é muito julgado hoje em dia, para ter sido combinado.
— Estou falando sério, amiga. Olha.
Ela vira o notebook para mim e posso ver que todas as respostas que aquele tal de Christopher deu, eram as que eu com certeza, responderia.
— E por que não tem uma foto? E se for um pedófilo?
— Para de ser assim, Emma. É um site de encontro as cegas. Você acha o amor da sua vida, pelas respostas, não pela beleza.
— Amor da minha vida? — gargalho. — Isso é ridículo.
— Você vai.
— Não vou.
— Só um teste. Vai, amiga! O que custa? O máximo que pode acontecer, é vocês trocarem uns beijos. Ou não...
— Sem chances! — digo, firme.
— Então vamos fazer um acordo. Se você não gostar, eu te compro o que quiser. Pago um mês do seu hamburguer favorito. Agora se gostar, vai sair com ele de novo e dizer que sou um cupido incrível.
Tombo minha cabeça, pensando. Aquela aposta já estava ganha, definitivamente. Eu me conhecia bem o suficiente, para saber que iria odiar quem quer que fosse o tal Christopher.
— Fechado. — respondo, pegando outra caixinha.
— Jura? Você topou mesmo?
— Topei. Eu amo hamburguer.
— E se você gostar do cara?
Gargalho.
— Veremos. — digo.