Capitulo 6

Kamilla Lopez

Enquanto o carro percorre o trânsito eu me perguntava o que havia acontecido minutos atrás. Nick Ross pelo que soube é dono de várias empresas, fora cassinos que ele tem e os hotéis com seu nome. Não conseguia acreditar que dormi em sua propriedade. Não me lembro muito bem da noite anterior, as lembranças ainda estão distorcidas, mas graças a Deus nada aconteceu. Estou frustrada e arrependida por ter ido aquela boate com Bianca, ela me prometeu ficar ao meu lado, deveria saber que não seria capaz de cumprir algo tão simples, fui tola em deixar ela me persuadir e me tirar da onde estava protegida. 

Boate não é para mim, é um ambiente que não me vejo nele, embora senhor Ross tenha dito aquelas palavras para não sair a noite como ordens, encaro como um conselho, ele quem me salvou e nas circunstâncias em que eu estava me levou para sua casa, ele fez um ato genuíno, espero que o tal Denver esteja nessa altura preso. 

— Chegamos, senhorita. - o motorista avisou. 

Saio dos meus pensamentos e olhei para a janela do carro, estava em frente a minha casa, não recordo de ter dito o endereço, mas rapidamente saí do veículo e agradeci ao motorista. Após que o veículo se afastou eu subi as escadas e abri a porta, assim que entrei dona Carolina que estava no sofá desviou seus olhos da televisão e me encarou. 

— Menina onde estava? - perguntou se levantando do sofá. 

— E-eu sai ontem a noite. 

Decidi esconder o que de fato aconteceu, não quero deixá-la preocupada, nem tocar nesse assunto. Quando ela escutou minhas palavras seus olhos brilharam, sua boca estava aberta mostrando estar chocada com o que disse. 

— A senhora está b... 

— Fique aí, não mova um músculo! 

Assustada com sua atitude inesperada fiquei onde estava, de repente ela surge com uma câmera fotográfica em mãos e apontou para mim. 

— Sua primeira noite fora garota, diga X! 

Fiz biquinho e deixei que ela tirasse a foto, eu não estava no clima mas não estragaria sua felicidade temporária. Dona Carolina sempre me incentivou a ser como outros jovens da minha idade, sair para boates, beber, transar, mas não me encaixo nesse tipo de vida, gosto da maneira que estou, não me vejo em boates alcoolizada como na noite anterior, aquilo para mim foi uma lição, uma que não ouso repetir. 

— Quando chegou? - perguntei. 

— A alguns minutos, pensei que te encontraria dormindo como sempre, mas me enganei. - sorriu maliciosa. 

Dona Carolina andou até a geladeira e pôs a foto em frente a porta, fiquei constrangida por chegar no estado em que estou, descabelada, sem calcinha e com sapatos em minhas mãos. 

— Me desculpe por chegar dessa maneira. 

— Não tem que se desculpar, não seja tola menina. - ela se aproxima de mim e pega em minhas mãos. —Se eu tivesse a sua idade sairia todas as noite e voltaria para casa com um homem diferente. 

— Mas a senhora ainda é muito nova, pode fazer isso.

— Não sou tão nova quanto aparenta ser. 

Dona Carolina sempre me diz essas palavras, ela queria ter seguidos elas, mas deixou ser dominada pelo luto após o seu marido morrer. 

— Como foi o cruzeiro? - perguntei trocando de assunto. 

— Minha amiga e eu desistimos do cruzeiro, fomos para um hotel e de lá marcamos para ir a uma boate, tenho até um encontro marcado. 

Ficamos conversando por vários minutos até ir para o quarto e tomar um banho, dona Carolina era um anjo, me sinto sortuda por tê-la agora em minha vida. Depois do banho coloquei o vestido de Bianca para lavar, coloquei roupas confortáveis e passei o resto do dia deitada dormindo. 

Na manhã seguinte os primeiros raios de sol iluminou o meu rosto, se iniciava mais uma semana. Me levanto da cama ainda sonolenta e vou para o banheiro, faço minhas higiene e tomo um banho. Enquanto o fazia lembrava daquele homem, Nick Ross, algo nele me chamou atenção, além de sua beleza intrigante e cheia de mistério, ele me causa medo e ao mesmo tempo me deixa curiosa. Prometi ao seu filho que voltaria a vê-lo, mas algo me diz que eu não deveria fazer isso, ele é apenas uma criança e não se lembrará de mim, eu acho. 

Depois do banho eu vesti meu uniforme de trabalho e saí do quarto, o cheiro de café desço logo invadiu meu nariz, me aproximei da cozinha e rapidamente parei ao encarar Bianca sentada em uma cadeira conversando com dona Carolina. 

— Bom dia Kami. - ela me cumprimenta assim que me ver. 

— Oi menina, sente aqui, vou te servir. - dona Carolina apontou para uma cadeira vazia. 

Enquanto comemos todas juntas em um silêncio ensurdecedor, Bianca fez barulho com a garganta e falou:

— Kami, eu.. 

— Conversamos depois. - cortei-a enquanto acabava de comer. 

Dona Carolina percebeu que algo estava errado, mas resolveu ficar calada, ela sabia que em algum momento contaria. Depois de acabarmos o café da manhã nos despedimos e descemos as escadas, próximo ao seu carro, parei brutalmente e lhe estendi a bolsa onde estava seu saltos e seu vestido. 

— O quê.. 

— O que aconteceu com você? - perguntei frustrada. 

— Kami, poe favor entra no carro, a gente conversa sobre isso depois, está bem? 

— Não, vamos conversar agora! Não, na verdade não temos nada o que conversar. 

— Por fav.. 

— Você me deixou sozinha na boate, enquanto eu estava acompanhada por um abusador, que me embebedou e tentou me estuprar! 

Ela me olha abismada sem conseguir acreditar com o que acabei de falar, a sua boca abria e fechava sem conseguir dizer nada.

— Isso só não aconteceu porque um homem muito de bom coração me ajudou. 

— Kami, eu.. 

— Você sabia que era minha primeira vez em uma boate, nunca bebi, ao menos sabia que bebidas podiam ser doce, me prometeu estar ao meu lado. 

— Me desculpa baby boo, jamais desejei que isso acontecesse, eu sinto muito por isso. 

— Não sinta!

Virei meu corpo e comecei a andar em direção oposta de onde ela estava junto ao seu carro. 

— Você não vai comigo  para o trabalho? 

— Não! - gritei. 

— Kami volta aqui! 

— Vou de ônibus!

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