Capitulo 5

Kamilla Lopez

Me espreguiço da cama sentindo meu corpo todo dolorido, o tecido fino e liso da cama macia arrepia minha pele, não se parece nada com meus lençóis, esses são tão macios que não se compara com os meus. O sol toca em meu rosto e faz-me escondê-lo entre os lençóis. Pulo da cama em um sobressalto, com a visão ainda embaçada por acabar de acordar, observo o quarto em que estou, com as pernas doloridas e a cabeça girando como carrossel, caminhei pelo cômodo enorme e luxuoso. 

Me aproximei de um enorme espelho, eu estava com o mesmo vestido da noite anterior, naquele instante as lembranças voltaram como avalanche, as bebidas, aquele homem asqueroso, o meu Salvador, tudo! Como fui tão ingênua? Por um triz não fui abusada, se não fosse por aquele homem de olhos azuis eu não sei em que estado estaria nesse momento. Meu salvador quando me tirou da boate e me colocou em seu veículo eu não lembro de mais nada do que pode ter acontecido. 

Meu rosto estava manchado pela maquiagem, meus cabelos estavam bagunçados, me encontrava em um completo caos. Sigo até uma porta onde constatei ser o banheiro, abri a madeira e me aproximei da pia de mármore, liguei a água e comecei a lavar meu rosto. Depois de fazê-lo eu voltei para o quarto, se é que posso chamar de quarto. Me aproximei da cama e peguei o par de sapatos que usei, os coloquei em minhas mãos e saí do quarto. 

Ando pelo corredor pisando sobre o enorme tapete vermelho a procura das escadas, enquanto prossigo eu admiro os enormes quadros que estava sobre a parede. Estava receosa por não saber onde estou, não ousei tocar em absolutamente nada, cada centímetro do meu corpo estava arrepiado, enquanto ando não se ouvia nem via um ser vivente, sequer um rastro de pessoa. 

Ao achar as escadas escutei sorrisos de uma criança um pouco distante, desci e deparei-me com um menino sentado sobre o chão brincando sozinho de carinho, ele batia os brinquedos um no outro. Me aproximei da criança parando a centímetros dela, ao perceber minha aproximação ele virou-se e me encarou, olhei atentamente para aquele menino com os olhos surpresos, era aquela criança mandona. 

— Oi Kamilla. - me cumprimentou com um pequeno sorriso. 

— Olá Erick. Você mora aqui? 

— Sim, meu pai me disse que te trouxe para cá, você vai ficar? 

— Eu? Na.. 

— Senhorita Lopez! 

Ouço a voz grossa e autoritária mencionar o meu nome, meus ombros caem e com as pernas bambas eu viro-me e encaro a silhueta do homem belo e assustador. Ele era uma mistura de monstruosidade e beleza exótica, observo a grande muralha vestido de terno preto onde marcavam seus músculos, subo até me deparar com aqueles olhos azuis escuros, ele era uma verdadeira beldade exalando poder e perigo, seu rosto sério apenas certifica minhas palavras. 

— Sim? - falei num fio de voz. 

— Me acompanhe por favor. 

Seu corpo virou-se e começou a andar para um corredor, sem ter o que fazer o segui, estava nervosa por estar próxima desse homem. Ele abre uma porta dupla e me dá a devida passagem para que eu entrasse, mesmo com receio eu o fiz, logo, ele fechou a porta e se aproximou de uma pequena adega. 

— Aceita um drink? 

— Não, obrigada. Não gosto de beber. 

Aquele homem virou seu corpo e me olhou com zombaria, deve estava me julgando. 

— Como não? Se a encontrei alcoolizada prestes a ser violada?

— Aquele homem me ofereceu uma bebida doce, eu não sabia que continha álcool. 

— Com quem estava? - perguntou. 

— Com uma.. Colega. 

— Bom, afaste-se dela, eu não a quero saindo em horários noturnos. 

Escutei aquela ordem com a sobrancelha arqueada, quem ele pensa que é para me dar ordens? 

— Obrigada pela sua ajuda senhor, se não não houvesse chegado naquele instante eu não sei o que seria de mim. - agradeço com a voz trêmula. — Mas não pode me dizer o que devo e o que não devo fazer, sou maior dona e dona do meu próprio nariz. 

Com uma expressão séria aquele homem cujo não lembro o nome se aproximou de mim, tentei andar para trás, mas minhas costas encostaram na porta do escritório, fui prensada sobre ela com seu corpo enorme esmagando o meu. 

— Creio não ter sido específico com você.. Eu não quero que saia novamente durante o horário da noite, eu fui claro? 

Fiquei apavorada com aquela exigência, eu não o conheço e ele também não me conhece, porém mostra ser um homem perigoso. 

— Eu fui claro, senhorita Lopez? - ele pergunta exigindo uma resposta. 

— Como clara de ovo. 

— Que bom, boneca. 

O homem afastou-se é andou para sua poltrona, de repete ele perguntou:

— Você trabalha, não é? 

— Sim, em uma lanchonete. 

— Não deseja trabalhar como babá? 

— Como sabe, já tenho trabalho. 

— Sei disso, mas eu percebi que meu filho se agradou de você, poderia trabalhar como a babá dele, seria muito bem paga. 

Percebi que em suas palavras eram carregadas de segundas intenções, embora mostre que eu teria um salário melhor do que no meu trabalho atual. 

— Seu filho é um doce, mas eu já tenho trabalho, obrigada pela oferta. 

Recusei a oferta, não preciso mais de um trabalho, já tenho um e estou nele há meses e não tenho do que reclamar. O homem levantou-se de sua poltrona e novamente se aproximou de mim, continuei parada na onde estava, com os sapatos em mãos eu os apertava com força, estava ficando nervosa por estar ali, minha única vontade era ir embora. 

— Irei m****r que o motorista leve-a de volta para casa. - avisou.

Suspirei e concordei, me afastei da cama e ele abriu a porta, fiquei tentada de perguntar o seu nome, não conseguia lembrar-me de seu nome. Enquanto ele me guiava de volta para a sala principal, perguntei:

— Como se chama? 

— Lembra-se do nome de meu filho, mas não lembra do meu.. - ele sorriu sem humor enquanto ainda andava. 

— Minha intenção não foi ofender. 

— Nick Ross! - falou por fim. 

De volta a sala principal o pequeno Erick veio ao meu encontro e é segurou a barra do meu vestido. 

— Você já vai Kami? 

— Sim, Erick, tenho que voltar para casa. 

— Mas.. Você vai voltar? 

— S-sim..? 

— Promete? 

— Claro! - sorri nervosa. 

Ele se afastou e voltou a brincar com seus carrinhos, ao me aproximar do Hall de entrada, Nick Ross segurou meu braço e aproximou seus lábios do meu ouvido:

— Promessa é dívida, boneca. 

Ele soltou meu braço e me ficou me olhando até me aproximar do carro que me levaria para casa, com a força que ainda me restava eu entrei no veículo, o carro logo acelerou e deu partida passando pelos grande portões.

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