Não consegui encarar os olhos de Benício.
Aqueles olhos transbordando sentimentos profundos…
Os mesmos olhos que choraram por dias quando morri.
Lembro-me claramente.
Depois do meu enterro, ele saiu dirigindo sozinho e sofreu um acidente terrível.
Ficou entre a vida e a morte.
— Tá bom. — Murmurei, olhando para ele com suavidade.
Benício continuava a falar, nervoso, tentando se explicar.
— Não quero me aproveitar da situação… Não quero nada em troca…
Mas, no instante em que meu "tá bom" cortou o ar, ele travou.
Os olhos arregalados.
O choque estampado no rosto.
Por um segundo, não soube o que fazer.
E, ao ver sua expressão boba, meu humor melhorou instantaneamente.
Soltei uma risada baixa.
— Eu nunca planejei ficar ao lado do Orfeu.
Ele piscou, atônito.
— Tudo isso é só uma estratégia.
Inclinei levemente a cabeça, um sorriso frio nos lábios.
— Ele é um lunático. Preciso evitar que surte.
— Se eu enfrentá-lo diretamente, perco.
Benício segurou minha mão entre as suas.
— Agora não precis