Reaprendendo a amar
Reaprendendo a amar
Por: May Lima
Cap 01

Trisha McNa

Hoje é um domingo chuvoso e frio, como todo início do outono, mesmo assim estamos reunidos na casa dos meus pais, depois do casamento do meu irmão Miguel passei um pouco mais de um mês na África do Sul. Foi uma experiência surreal, a gente passa a vida priorizando coisas que na verdade não são importantes como roupas caras, carros de luxo e festas glamorosas quando logo ali a algumas horas de distância pessoas morrem de fome, sede e de doenças que com ajuda médica eficaz e medicamentos não aconteceriam. Queria poder ficar mais tempo, mas minha clínica médica estava quase pronta e eu precisava estar aqui, além de ainda ser uma contratada de um hospital importante.

Eu estou trabalhando direto sem parar desde o meu não casamento até quase a exaustão, apenas quando estou a ponto de desmaiar me permito dormir e as folgas que tenho passo ocupada no próprio hospital ou com minha família. Isso faz com que eu não pense no que aconteceu a um ano atrás.

Agora aqui sentada no tapete da sala dos meus pais sozinha minha mente vaga para longe, para tudo que vivi. Fecho os olhos e procuro afastar essas recordações.

Sinto alguém se sentar ao meu lado, assim que abro os olhos vejo Tyler me encarando sério. Ele pega na minha mão e faz carinho com seu polegar, ele sabe como isso me acalma. Sinto uma lágrima cair e deixo que ele me puxe para um abraço. Encosto-me em seu peito e deixo a sensação de conforto e proteção me acalentar.

– Estou preocupado com você maninha. – Ele diz com voz calma e serena, algo bem difícil já que ele está sempre fazendo piadinhas e ligado nos duzentos e vinte volts.

– Também estou preocupada comigo. – Digo após um longo suspiro, para ele eu não preciso mentir sobre o que eu estou sentindo, ele sente também, sabe aquela coisa que falam sobre gêmeos, é impressionante a conexão.

– Tome as rédeas da sua vida, aquele imbecil não tinha o direito de te deixar assim e lembre-se que ele não vale a pena.

– Eu vou ficar bem Ty. – Olho para seus olhos que são iguais aos meus e sorrio tentando mostrar que sou forte.

– Eu sei que vai, eu estou aqui com você, o que o cheirosinho vai fazer sem a sua cheirosinha, vulgo gêmea do mal?

Não consigo controlar e dou risada. Só ele mesmo para me fazer rir. O abraço apertado até ele reclamar, um frouxo já que nem apertei muito. Logo vejo o resto da família vindo se acomodar na sala conosco, vejo minha cunhada sorrir para mim com meu sobrinho no colo dormindo, Noah está quase completando nove meses e é bem agitado, milagre estar dormindo parecendo um anjo, Miguel vem logo atrás com o bebê conforto onde eles logo colocam o bebê adormecido.

Mamãe e papai logo aparecem e sentam conosco, papai no tapete comigo e meus irmãos e mamãe no sofá ao lado de Amanda, não demora muito estamos jogando baralho no centro da mesa. Eu, meus irmãos e papai temos essa brincadeira de jogar baralho desde que me entendo por gente, revezamos sempre as duplas pois Miguel e papai são ótimos ladrões e Tyler um péssimo perdedor, admito que depois desses anos todos eu aprendi a trapacear e também a ficar de olho nos outros.

Antes apenas dona Rebecca era nossa telespectadora, mas agora temos Amanda também e Noah que assim que tiver idade suficiente vai aprender a jogar também.

Eu amo a minha família e agradeço por ter ela sempre unida. Claro que hoje faltam meus primos, tios e claro a vovó. Mas o casal está viajando em sua sei lá que data de aniversário de casamento. Hillary não para na cidade pois trabalha muito em sua empresa de segurança e gosta de fazer muitas coisas pessoalmente. Vovó diz que ficar em casa final de semana é perda de tempo e que ela gosta de curtir com as amigas. Andrew? Não faço ideia de onde esteja, mas do jeito que é mulherengo não fica tão difícil de imaginar.

Mas é só falar no sem-vergonha que ele aparece e com isso demos uma pausa no jogo.

– E aí família! Cheguei para alegria de muitos e desespero de ninguém. – Andrew fala entrando na sala com os braços abertos.

– Chegou tarde querido, já almoçou? – Minha mãe pergunta o abraçando apertado.

– Onde se janta, almoça. – Tyler diz zombando. – Deve ter sido bem alimentado de ontem para hoje.

– Fica quieto Hanna. – Andrew dá um tapa na cabeça do primo. – Já almocei sim tia, obrigado.

Noah logo acorda e Miguel o pega ficando de telespectador fazendo Drew ficar em seu lugar no jogo, meu sobrinho como já era de esperar logo fica entediado no colo e o pai o coloca no tapete fazendo o bebê engatinhar feliz atrás de seus brinquedos e claro em cima da gente o que rende muitas risadas em nós.

Agora era a hora de enfrentar meus medos e pedir ajuda.

– Trisha, essa semana recebi um telefonema do síndico do seu prédio, foi uma conversa bem interessante, para dizer o mínimo. – Miguel diz e eu já me preparo para a hora da revelação.

– Hum... – Respondo só isso para ver se ele desiste.

– Ele me disse que um cano rompeu no andar de cima do seu apartamento e ele estava alagado, como ele não conseguiu entrar em contato com você me pediu autorização para entrar lá.

– Que bom Miguel, foi tudo arrumado?

– Como assim? Você não passou por lá? – Eu o olho e vejo que está confuso, até porque eu cheguei faz dois dias, mas fiz o que faço de melhor, me escondi no hospital e no lugar que estou hospedada a um grande tempo.

– Sai do meu apartamento. – Eu digo tirando um fio imaginário da minha roupa.

– Desde quando? – Miguel pergunta e todos o olham para acompanhar a nossa conversa, até mesmo Noah. Bando de Maria fifi.

– Desde antes do meu não casamento. – Dou de ombros, mas todos olham para mim surpresos.

– E está morando onde esse tempo todo? – Andrew que pergunta dessa vez.

– Na casa do Tyler. – Lanço um sorrisinho sem graça e Tyler explode em uma gargalhada. Aceitem ele não é normal.

– Ty, você entendeu onde a Trisha está morando a quase um ano? – mamãe pergunta.

– DUuu! Lá na minha casa né! Parece até que você não escuta direito mãe. – Depois que ele fala para de rir na hora e me olha com os olhos esbugalhados. – Na minha casa? Como?

– Você nem mora lá. – Falo simplesmente – Eu durmo no quarto de hóspedes, mas passo a maior parte do meu tempo no hospital.

– Está fazendo minha casa de hotel? – Ele fala indignado. – Sem me avisar.

– Ah nem vem, eu contratei uma empregada e a geladeira está sempre cheia.

– Por isso que tem comida na minha casa? E a Maria. – Ele pensa por alguns segundos. – Você não vai levar ela embora, agora ela é minha.

– Como você achou que aparecesse comida lá? – Definitivamente meu irmão não é normal. – Eu que pago o salário dela então ela é minha por direito.

– Sei lá, nunca pensei nisso... – Ele coloca uma mão no queixo como se estivesse pensando. – Eu dobro o salário dela.

– Meu Deus! Depois vocês decidem o futuro da Maria com a Maria. – Amanda exclama e todos nós rimos. – Cunhado, você não é normal.

Viu? Foi o que eu disse! Eu roubei os neurônios dele quando estávamos dividindo a barriga de nossa mãe. É a única explicação.

– Eu disse para vocês não ficarem batendo na cabeça dele. – Meu pai fala tranquilo. – Afetou alguma parte importante.

– Não James, foi aquela vez que o deixamos cair da cama. – Agora mamãe que fala dando risada.

– Vocês me deixaram cair da cama? Que pais são vocês?

– Nossa tios, isso explica muita coisa... – Andrew fala com falso pesar e recebe um tapa no braço feito por Tyler.

– Descobrimos o enigma então Becca. – Papai fala e mamãe concorda. – Agora queremos saber o motivo.

– Vocês sabiam que eu não estava morando mais lá?

– Sim querida.

– Como?

– Não me subestime filha, sou James McNa o pai de vocês três e tio dos cabeçudos dos seus primos acha mesmo que não sei das coisas?

– Está certo. – Digo por fim. – Eu só não estava pronta para voltar lá depois de tudo, o tempo foi passando e eu simplesmente não fui.

– Vai continuar na minha casa? – Ty pergunta curioso.

– Então... Eu queria um lugar menor do que o antigo apartamento e mais perto da clínica e do hospital.

– Acho que posso te ajudar nisso. – Miguel diz sorrindo para mim. – Acabamos de inaugurar um prédio no mesmo bairro do hospital que você trabalha, acredito que ainda tem algumas unidades, não é lá o seu padrão de apartamento, mas você poderia dar uma olhadinha.

– Ah não preciso olhar, verifica a disponibilidade e me manda o contrato para assinar. Sei que a McNa Empires só constrói o melhor.

– Certo, amanhã vejo isso com o responsável da venda.

– Agora chega de conversa e vamos lanchar, amanhã todos nós trabalhamos e acordamos cedo. – Amanda diz pegando Noah no colo e o levando para a cozinha e nós todos vamos atrás dela.

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