OITO

Riddick

Entrei no meu carro e esperei até ela aparecer. Minha querida assistente entrou em um táxi, sorridente como sempre e em menos de dez minutos, ela parou em frente a um portão velho. Pagou o táxi e entrou. Eu continuei no mesmo lugar, observando. De repente uma jovem que aparenta ter uns dezoito anos, saí da casa, sorrindo. Abla dá um abraço nela e lhe entrega algo em mãos. Se eu for deduzir, diria que é dinheiro. Isso me deixou intrigado e curioso. 

Por que será que ela estava com uma menina na casa dela? E por que lhe entregou dinheiro? 

A curiosidade está me matando, peguei o meu celular e liguei para Mabel.

— Algum problema, senhor Riddick? — Mabel me perguntou com sua voz assustada. Porra, as vezes isso é chato demais, caramba.

— Quero que adiante a investigação sobre a senhorita Dinis!

— Fui direto ao ponto sem rodeios.

— Algum problema? Ela fez algo que não gostou?

Questionou preocupada

— Só faça o que eu mandei.

— Falei ignorando sua pergunta.

— Sim, senhor Riddick! Boa noi…

— Nem esperei ela terminar. Desliguei em sua cara. Tudo bem, eu fui mal educado, mas, é que tudo isso me deixa com raiva. Essa submissão cega, essa rasgação de seda para cima de mim. Tudo isso é desgastante. Agora que eu sei que é Abla a mulher que me fascinou anos atrás, a minha curiosidade está me matando por dentro.

Continuei mergulhado em meus pensamentos. Tentando entender esse súbito interesse por Abla. Súbito não, esse antigo interesse que se reacendeu. Meu Deus, o seu nome é lindo. Diferente, exótico. Combina perfeitamente com ela. Peguei o meu celular e fui pesquisar o significado. Hum, seu nome é de origem queniana e significa: "Uma rosa selvagem".

— Nossa! — Acabei exclamando alto.

Será que o significado faz jus a pessoa?

Essa droga de curiosidade não sai de mim. Preciso dar um jeito, de conhecê-la melhor. Estava tão absorto em meus pensamentos, que levei um baita susto com alguém batendo na porta do meu carro. Quando elevei meus olhos, fiquei ainda mais assustado quando percebi quem é a pessoa em questão. A minha gostosa assistente. Abaixei o vidro do carro com a minha melhor cara de inocente. Procurando em minha mente uma desculpa plausível.

— Sim! — Falei neutro.

— Posso ajudá-lo em alguma coisa, senhor Riddick? — Perguntou séria, sem desviar seus olhos dos meus.

— Não! — Esclareci olhando para frente.

— Então, por que está me seguindo? Por que está fazendo campana em minha porta? — Percebi raiva em sua voz e um pouco de sarcasmo.

— E quem lhe disse que estou lhe seguindo? — Ainda não sei como me deixei ser pego.

— Senhor, eu posso parecer burra a seus olhos, mas lhe adianto que não sou. — Abaixou a cabeça para ficarmos na mesma altura. — E se eu estou dizendo que o senhor estava me seguindo, por que sei que estava. Eu vi o seu carro seguindo o meu táxi. 

Hum, ela viu! Como assim? Eu fui bastante cuidadoso.

— O senhor pode até ter sido cuidadoso, mas não o suficiente. — Até parece que ela leu a minha mente.

— Que seja senhorita! — Falei desdenhoso. Ela puxou ar para seus pulmões. Acho que já está ficando nervosa. Ela fica mais linda zangada.

— O senhor não vai dizer por que fez isso?

— Não! — Falei direto para ver se ela se tocava.

— Quer entrar para tomar um café? — Ela perguntou do nada, me deixando surpreso.

— Não. Agradeço, porém, eu já estava de saída.

— Hum... Pensei que passaria a noite me vigiando.

— Senhorita Dinis, eu não estou fazendo campana em sua porta. — Bufei. — Admito que lhe segui. O resto é tudo fruto de sua imaginação.

— Hum, rum! Então será fruto da minha imaginação se eu pegá-lo mais uma vez em minha porta? — Sorriu docemente. — Saiba que se isso acontecer novamente, bem, não sei, talvez eu faça algo bastante estúpido.

— A senhorita está me ameaçando? — A olhei incrédulo.

— Quer isso, senhor Riddick, longe de mim fazer uma coisa dessas. Tudo isso é fruto da sua imaginação. — Declarou se afastando do carro e se dirigindo a sua casa novamente. Antes de ela entrar, se virou e acenou para mim, como se nada tivesse acontecido.

— Que mulher maluca! — Ri alto dentro do carro.

Cara, ela me ameaçou!

Puta merda, que foda. Claro que não foi uma ameaça explícita, mas, eu entendi perfeitamente. Estou me sentindo eufórico. Há anos que não me sinto assim, dessa forma.

— Abla Dinis! Agora você tem toda a minha atenção. Sem sombra de dúvidas. — Falei, pisando duro no acelerador e indo embora com vários planos em mente. 

Eu tenho que deixá-la mais perto de mim. Então, o jeito é arranjar trabalhos externos. Espero realmente que ela não seja uma fresca, apesar de quê, pelo que eu vi, ser fresca passa longe dela.

Cheguei em casa e fui recebido pelo silêncio. Antes isso nunca me incomodou, mas agora não gosto desse vazio que existe neste lugar. Fui para meu quarto e tirei minha roupa sem nenhuma cerimônia. Eu me sentia cansado e sobrecarregado. Meus pensamentos estão confusos. Hora eu penso em Trayrom, outra hora meus pensamentos são apenas dela, de Abla. Se dependesse de mim, só ela estaria em minha mente, no entanto, eu sei que só terei paz quando aquele desgraçado morrer. 

Depois do banho, desci para comer. 

Estou furioso, pois recebi uma mensagem de uma das mulheres que escolho para transar. Ela teve a audácia de me dá um ultimato. Mandei que saísse do meu pé. Estou naquela fase da vida em que se alguém ameaçar ir embora, eu lhe desenho um mapa para que não erre o caminho. Eu não sei quando foi que a minha vida chegou a esse estado, só que ela está. Agora não adianta chorar pelo leite derramado. Eu preciso de algo novo. Algo que me tire desse lamaçal. Eu até sei o que vai ser esse algo novo. Quer dizer, quem vai ser. Espero que quando eu a levar para minha cama, essa curiosidade seja sanada. Porque só pode ser isso, curiosidade. 

Fui para cozinha, para fazer aquilo que me fora impedido de fazer antes, matar quem estava me matando. Essa fome m*****a.

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