Michael
— Soube que a reunião não correu bem — comentou Lauren, a recepcionista. — Os acionistas não fecharam o contrato e Eloise está furiosa! Sam murmurou: — Eu não entendo. Tinha tudo para dar certo. Lauren acrescentou. — Eloise deve estar sobrecarregada. É muita responsabilidade. Era incrível como todos se preocupam com Eloise, apesar de suas atitudes difíceis. O carinho e dedicação da equipe são realmente tocantes. - Ela precisa de apoio. Você precisa ir falar com ela. - sugeriu Lauren. - Por que eu? - Sam arqueou as sombracelhas. - Porquê você é o assistente. Conhece ela melhor que todo mundo. - Eu me recuso a ir na sala dela! Lembra do que aconteceu ano passado? Ela me acertou um abajur. Um abajur! - disse Sam. Arqueei as sombracelhas. Eu sabia o quanto Eloise era mandona e exigente, mas não fazia ideia de que ela também fosse o tipo de chefe que j**a coisas nas pessoas. Cada dia uma surpresa diferente. - Costuma passar por isso? - me repreendi mentalmente por ter saído do meu posto e se metido na fofoca. - Na maioria das vezes. - Isso é sério? - Você não conhece Eloise - respondeu Lauren. - Quando nada dá certo é na gente que ela desconta. Esse comportamento parecia ser a cara de Eloise. Mas não parecia certo ela descontar a raiva em pessoas que não tinham nada haver com o que estava acontecendo. Sam encostou-se na parede ao meu lado. — Eloise odeia admitir, mas cobra muito de si mesma para ser tão perfeita quanto o pai. Ela é teimosa e nunca desiste da busca pela perfeição. — Isso deve ser muito pesado — comentei, sentindo uma ponta de compaixão por Eloise. Sam assentiu. — Sim, é uma pressão constante. Ela se esforça demais para atender às expectativas do pai, mas nunca se sente suficientemente boa. É um ciclo vicioso. — E o pai dela é mesmo tão perfeito? — perguntei, curioso. Sam sorriu ironicamente. — Ninguém é perfeito. Com certeza, no início ele também já passou por isso. Mas Eloise não o vê dessa forma. E essa é a maior armadilha. - Isso aos poucos está a consumindo, sabe. Ela está cegamente louca pela perfeição, o que acaba atingindo todo mundo a sua volta. Incluindo, alguns funcionários que mal chegam e já são demitidos. - Mas, isso não é justo. - Sra. Thompson não tem pena de ninguém. - disse Lauren. Pensei em como aquilo tudo estava sendo uma tortura pra ele. Eloise Thompson era má, e eu não tinha noção do quanto. - Ah, Kristal! - Sam foi em direção a uma mulher que estava aos prantos. - O que aconteceu? - Ela me demitiu. - Eu sinto muito. Vem cá - Sam a puxou para um abraço. A mulher chorava sem parar. Eu por um momento me coloquei no lugar dela. Eu também ficaria indignado se tivessem o demitido daquele jeito. Agradeci por não ter sido responsável por sua contratação, mas não podia ignorar a injustiça. Meu trabalho exigia neutralidade, mas minha consciência clamava por ação. E então, sem pensar duas vezes fui em direção a sala dela, entrei sem bater e me deparei com Eloise virada para a janela. Ela se virou rapidamente assustada. Ok, aquela não era uma das maneiras mais elegante de eu entrar numa sala. - O que pensa que está fazendo? - O que você pensa que está fazendo? Não é justo você demiti alguém quando na verdade, a culpa é sua. - Saí da minha sala! Você não tem permissão de entrar aqui. - ela andou em direção a mesa. — Eu sou seu segurança. E como segurança, é meu dever proteger os inocentes. — eu desafiei, mantendo o olhar firme. — Você não pode abusar do poder. — Ah, eu vou ligar para meu pai pra acabar com isso agora mesmo! - Eloise esticou o braço e alcançou o celular. — Pra ele me demiti igual você fez com aquela mulher? — indaguei, fazendo Eloise arquear as sombracelhas pela minha ousadia. — Pra ele me demitir como fez com Kristal? — eu desafiei. —Você é uma mimada, sem noção do valor do trabalho. Sempre teve tudo na vida. — Você não me conhece! — Sei que você erra e arruma alguém para jogar a culpa. Não é à toa que todos te chamam de rainha do gelo! Ela me acertou um tapa forte. Eu segurei seu braço, colando-a contra a parede. — Nunca mais me bata! — eu rosnei. Eloise respirava pesadamente, olhos faiscando ódio. Seu silêncio apenas aumentou minha fúria. — Como você consegue ser tão cruel e estúpida com tanto poder? Ela tentou se libertar, mas eu a segurei firme. — Me solta! — ela gritou. — Não — eu disse, implacável. — Você vai me ouvir. — Eu não tenho que te ouvir! Me solta! Eloise se debatia, mas logo se acalmou. Seus olhos verdes brilhavam, intensificando sua beleza. Meu olhar pairou sobre seus lábios, e uma curiosidade irresistível me assaltou: como seria beijá-la bem ali? A respiração de Eloise era pesada, quase ofegante, enquanto seu olhar fixo e sedutor nos meus lábios me deixava louco. Minhas mãos deslizaram suavemente sobre sua cintura, apertando-a levemente, sentindo o calor de sua pele. Quando ela mordeu os lábios, um arrepio percorreu meu corpo. Era o sinal que eu aguardava. Eu a beijei com intensidade, devorando seus lábios macios e suaves. A língua dela se encontrou com a minha, criando uma dança sensual. As mãos de Eloise puxavam meus cabelos, enquanto eu a pressionava contra a parede. Nossos corpos se colavam, sentindo o calor e a tensão. O beijo se intensificou, nosso desejo explodindo em cada toque. Eu sentia seu coração acelerado, batendo junto com o meu. Cada segundo era uma nova descoberta, um novo prazer. O mundo ao nosso redor desapareceu, deixando apenas nós dois. Quando estava prestes a explorar mais, o telefone tocou, interrompendo o momento. Rapidamente, nos separamos. Eloise atendeu, enquanto eu ajustava meu terno, tentando recompor-me. O olhar dela encontrou o meu, cheio de tensão e promessa. — Isso não podia ter acontecido! - Eloise disse depois de desligar o telefone. — O telefone nos interromper? — Não seu idiota! O beijo. O beijo, não deveria ter acontecido! — Mas aconteceu e você gostou. — Você não tinha o direito de me beijar. Ficou maluco? — Teoricamente você também me beijou. — Foi você que me beijou. — E, você correspondeu e gostou. — Eu não gostei! — É sério? — Já beijei pessoas melhores. — Melhores, é? — Eu levantei uma sobrancelha. — Seu beijo diz o contrário. Eloise engoliu em seco e eu sorri. As maçãs do rosto dela mudaram o tom para vermelho o que a deixava mais atraente na minha opinião. Eloise fulminou-me com olhar furioso. — Não quero você entrando na minha sala novamente! Se não, vou informar ao meu pai que, além de ser um péssimo segurança, você me beijou! — Péssimo segurança? É sério? Estou aqui há apenas dois dias. Ela se aproximou, irritada. — E não me chame de mimada novamente! — Se não vai me beijar novamente? — Eu provoquei. Eloise me empurrou. — Sai da minha sala! Agora! Assim que passei, ela bateu a porta com força, deixando claro sua raiva. Eloise possuía um mistério intrigante. Desde o beijo, senti uma conexão intensa, mas também uma distância inquietante. Ela parecia se render ao prazer, mas ao mesmo tempo, se afastar. Uma contradição fascinante que me deixava curioso e ansioso para desvendar seus segredos. Sam me deu leves t***s nas costas. — Você foi corajoso! Pelo menos saiu vivo! – Ele riu, notando meu terno amarrotado. Forcei um sorriso. — O que aconteceu lá dentro? — Sam perguntou, curiosidade estampada no rosto. — Ouvi gritos e barulhos de coisas se quebrando. Ela te atacou com um abajur? Neguei com um sorriso forçado. — Só uma discussão, já resolvemos. Não poderia expor Eloise. Ela merecia respeito e privacidade. Meu segredo ficaria guardado. Protegê-la era questão de honra. Voltando ao meu posto, eu não podia deixar de pensar no mistério que a envolvia. Sam atendeu o telefone e seu rosto iluminou-se. — CANCELARAM O DESLIGAMENTO DA CRYSTAL! — ele gritou, surpreso. A mulher, antes chorosa, agora sorria. — Sério? Não acredito! Sam confirmou com um aceno. — É verdade! Obrigado, você fez um milagre! Ele me deu um tapinha nas costas. — Isso nunca aconteceu antes. Você deve ter um dom! Não é bem um dom que eu tenho...