A Madame Inveja

As xícaras de chá estavam tão sujas que me davam repulsa. É até engraçado lembrar disso. Eram peças de cristais raros com detalhes em diamantes e florins de ouro, mas olhar para elas só me causavam tristeza e raiva. Lembravam-me de tempos mais gloriosos e que tudo estava em seu devido lugar.

Esses tempos ruíram quando Avill surgiu tão especial com seu dragão cobra de mil cabeças.

Dores insuportáveis se alojaram em minhas pernas, meu decote antes robusto e atrevido, se tornou flácido e propenso a se dobrar sobre minhas roupas, sem se falar dos olhares que não pousavam mais em mim, só naquela criatura que me chamava de mãe. Aquela criaturazinha que de dentro de mim sugou toda a minha beleza e jovialidade, e até minha magia. 

Como eu a odiava com todas as minhas forças. Só me forcei a fazê-la, pois os malditos pais do Cristóvão iriam desfazer nosso casamento se eu não gerasse descendência, e eu não podia perder a glória que tinha de ser uma Noar. 

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