O Alfa Supremo começou a agir. Primeiro, transmitiu energia através das suas mãos, como uma corrente cálida e reconfortante que fluía para ela. Depois, com calma e solenidade, começou a invocar os deuses. Em questão de instantes, projetou uma imagem diante de ambos: Isis adulta, com uma expressão firme, embora nervosa, e ele, ao seu lado, de mãos dadas.
A cena mudou rapidamente, transportando-os para o que parecia ser um acampamento no meio da selva. A clareza e os detalhes da visão eram surpreendentes. Ali, a mãe de Isis escavava junto a um grande grupo de trabalhadores num sítio arqueológico. O pai, por sua vez, revisava alguns papéis dentro de uma tenda próxima. A pequena loba, Ast, corria despreocupada, perseguindo um coelho que saltava de um lado para o outro perto do acampamento. Ao chegar a um lago, em questão de segundos, Ast transformou-se numa menina:Isis tremia furiosamente entre os braços do Alfa, o seu medo era palpável, como se o perigo fosse real mais uma vez. Ele abraçou-a com força e não permitiu que desviasse o olhar. — Tens de continuar a olhar, minha Lua. Esta é a tua história. —Mantinha-a firme, constante, sendo o seu refúgio no meio da tempestade de recordações. A cena continuou e, de repente, apareceu o seu pai, mas já não em forma humana, e sim como um lobo enorme e majestoso. Sem hesitar, atacou o lobo rogue que tentava levá-la. O impacto foi brutal, obrigando o atacante a soltá-la. Nesse instante, a pequena Isis transformou-se na loba Ast e, sem vacilar, saltou para o pescoço do mesmo lobo que tinha o pai preso ao chão, segurando-o pelo pescoço. Os rosnados e sons de combate preenchiam o ar enquanto a pequena loba defendia o pai com tudo o que tinha.
O Alfa acenou com a cabeça, satisfeito com a sua decisão, e com firmeza guiou-a para o próximo passo da sua viagem interior. Tudo até aquele momento estava a correr melhor do que ele esperava. A sua Lua tinha demonstrado ser mais corajosa do que até então ele acreditava. Pensava que, sendo a menina mimada e caprichosa que ela tinha mostrado ser até agora, iria opor-se a tudo. Mas não, a sua Lua confiava nele e tinha facilitado o trabalho de ajudá-la a compreender que era um ser sobrenatural. Isis ainda sentia o medo residir no seu interior, mas agora também havia uma certeza que começava a enraizar-se profundamente: era uma loba. E não só isso, mas começava a aceitar com alegria essa parte de si mesma. Ainda de mãos dadas com o Alfa, começaram a caminhar em direção às memórias onde permanecia a loba Ast, a outra metade que tanto tinh
Estava muito nervoso. Desde que se levantou, sentia o seu lobo Anker inquieto. Saiu para correr, marcando todo o território, mas de nada serviu; a sua intranquilidade continuava a aumentar. O seu pai quis que ele fizesse um treino, mas ele deixou o beta encarregar-se disso. Não conseguir comunicar-se com sua metade como normalmente fazia estava a matá-lo. Cansado de ligar para o telemóvel sem receber resposta, decidiu chamar Net, que estava a treinar, porque sentia que algo estava a acontecer com ela. Finalmente, decidiu ir vê-la. Entrou em sua casa no momento em que ouviu os gritos da ama. — Alfa! Rápido, algo está a acontecer com a senhorita Merytnert! Viu o Alfa, junto com os outros, sair a correr e seguiu-os. Ao chegar à cozinha, encontraram Merytnert, cujos olhos azuis escuros e o diamante dourado em sua testa refletiam uma fúria intensa. Ela lançou-se contra Jacking,
Héctor observou-a surpreso e, ao mesmo tempo, com admiração. Sorriu como um tolo ao perceber o quanto a amava, ao ponto de não hesitar em partilhar os seus poderes com ele. Sentia-se maravilhado e assustado; não sabia se iria suportar, mas não demonstrou. — Então, Amet, isso quer dizer que posso transferir parte dos poderes da minha irmã para ele? —continuou a perguntar o alfa, atento—. Como são metades, vão consolidar-se e completar um ao outro.— Exactamente! —confirmou o beta, detendo-se para olhar o alfa com o sobrolho franzido antes de continuar—. Mas teriam de consumar a união hoje mesmo, com a marca! O quê? Tenho de me casar hoje! pensou Héctor, tentando encontrar uma explicação para tanta pressa. Não era que não quisesse casar, mas tinha-se proposto a convencer Merytnert a ir viver para a
Ele estava emocionado pelo amor que Merytnert demonstrava diante de todos. Ela costumava ser muito doce com ele em privado, mostrando-se mais séria diante dos outros, mas agora não se reprimia e expressava o grande amor que sentia por ele. Essa demonstração de amor deu-lhe forças para continuar a suportar o que fosse necessário para não perdê-la. — Estou bem —apressou-se a assegurar Héctor—. Sinto-me estranho e bem ao mesmo tempo. Cheio de energia. Nunca antes tinha experimentado tal força e vigor. Na verdade, esta alcateia era algo diferente, pensava enquanto se levantava. — Vais-te habituar, Héctor —ouviu-se a voz grave do Alfa Supremo, que liderava tudo—. Agora vamos para a gruta de prata. Primeiro, vou desbloquear o poder da minha irmã, e ao mesmo tempo vamos transmitir-te o poder do relâmpago e do trovão. Achas que podes sup
Merytnert aproximou-se lentamente de Héctor, percebendo e partilhando a confusão que agora tomava conta do seu marido. Com um gesto suave, pegou-lhe nas mãos, entendendo que precisava de lhe explicar tudo o que tinha acontecido. —Sim, tudo foi também muito repentino para mim —disse suavemente, com ternura e seriedade enquanto continuava—. Esta manhã apareceu a tatuagem da minha loba, olha, esta —e, com uma pausa, descobriu o ombro para lha mostrar. O desenho da loba Nert parecia vibrar com vida própria sob a luz ténue do lugar—. Quando mostrei ao meu irmão, ele explicou-me que era normal. Disse que nascemos com este tatuagem por sermos da família real. Héctor, atento a cada palavra, não conseguiu esconder o seu espanto. Olhou para o ombro da sua companheira, onde estava o tatuagem, com fascinação. —A sério? —p
O que aconteceu a seguir apanhou-o de surpresa. Tudo aconteceu tão rápido que mal conseguiu processá-lo. Uma sensação intensa de deslocamento envolveu-o antes que pudesse reagir. Quando voltou a abrir os olhos, encontraram-se numa caverna espaçosa, lindamente mobilada! Héctor olhou ao redor, maravilhado. No centro da sala destacava-se uma enorme cama rodeada de cortinas, que pareciam flutuar com a leve brisa do local. Tudo naquele quarto era de um gosto requintado, cuidando até ao mais pequeno detalhe. Num dos lados, uma ampla casa de banho com uma banheira borbulhante enchía o ar com aromas relaxantes e embriagadores. Ele não conseguia deixar de se maravilhar com cada detalhe do que estava a descobrir. Toda esta experiência apenas reafirmava o quão incrível e poderosa era esta nova alcateia! Não era à toa que eram considerados os mais fortes de todas as al
As palavras saíam do peito de Héctor como nunca antes, como se tivesse esperado por este momento durante toda a sua vida. —Sei que não sou o melhor quando se trata de expressar o que sinto —continuou Héctor, inclinando ligeiramente o rosto com nervosismo—, mas quero que saibas que te amo com todo o meu ser. És a mulher dos meus sonhos, aquela que preencheu a minha vida com cores, a que me dá a energia para viver. Tudo graças às tuas risadas, aos segredos que partilhamos, e a esses teus momentos únicos, que guardo como um tesouro. Ele sorriu, mesmo sabendo que ela não podia vê-lo. Parado atrás da porta da casa de banho, com os olhos iluminados por uma sinceridade que só ela podia inspirar. —És especial, Meryt. Admiro-te pela tua generosidade, por me ensinares que podemos amar sem medos. Mas tenho que ser honesto contigo: nã