Heitor parou o carro suavemente em frente ao prédio de Laura. O som do motor cessou, deixando um silêncio cheio de significados.
Nenhum dos dois disse nada.
Ela o olhou de soslaio, o perfil dele tão firme e contido, mas com os olhos carregados de algo que ela não ousava nomear — desejo, dúvida, talvez até cuidado. Ele virou o rosto, e por um instante, os olhos se encontraram, intensos, carregados do que não foi dito naquela manhã.
Laura estendeu a mão para a maçaneta, mas antes que pudesse abrir a porta, ele se inclinou. Os lábios tocaram os dela em um beijo firme, silencioso e cheio de promessas não faladas. Não foi urgente nem demorado. Foi exato. E talvez por isso, doeu mais.
Ela saiu do carro, ajeitando a alça da bolsa no ombro e entrou no prédio sem olhar para trás. Heitor ficou ali por alguns segundos, os dedos ainda fechados ao volante, como se segurasse o próprio controle. Depois, partiu.
Ao abrir a porta do apartamento, Laura foi imediatamente atingida pelo cheiro de cer