As semanas passaram como uma tortura para Bianca. Cada dia era mais uma porta se fechando diante dela. Ela havia enviado currículos, participado de entrevistas, ouvido elogios ao seu perfil e experiência, mas, de repente, o contato se perdia, a resposta não vinha. Uma sensação estranha de injustiça começou a crescer em seu peito. Seu currículo era impecável, sua postura profissional inquestionável. Então por que, afinal, ninguém a contratava?
A dúvida começou a pesar em seu coração, misturada à raiva silenciosa que sentia de Fernando desde a última discussão. Ela se lembrava do sorriso dele, aquele maldito sorriso de excitação e desafio, como se estivesse convicto de que ela não conseguiria desligar do estaleiro.
Numa tarde abafada de sábado, Raul apareceu. Sempre com aquele ar de quem sabia mais do que dizia, o primo de Fernando entrou no jardim dos tios e a encontrou folheando anúncios de emprego.
— Ainda procurando emprego, Bianca? — perguntou, com um meio sorriso, cruzando os b