Eles chegaram a uma aldeia atrás das montanhas, não muito longe de Albuquerque. As ruas estavam vazias devido ao horário da noite, mas era possível ouvir vozes altas e o som de música vindo do Saloon iluminado no final da rua principal.
Hael conduziu seu cavalo até o celeiro local, desmontando com agilidade. Ele tirou a sela e fez carinho na crina do animal, observando o feno, o capim e a água disponíveis.
— Pronto, amigão. Está livre agora. Alimente-se e descanse. Volto amanhã.
— Qual é o nome dele? — Isabella perguntou, curiosa.
— Raio.
— Que nome legal. — Ela tentou se aproximar para acariciar o animal, mas Raio se desvencilhou, indo direto para a comida. — Acho que ele não gosta de mim.
Hael soltou um riso discreto, enquanto verificava o restante do celeiro, notando outros cavalos e uma carroça parada no canto.
— Não leve isso para o lado pessoal. Ele não gosta de pessoas estranhas. Para fazer carinho nele, precisa conquistar a confiança dele.
Isabella sorriu, balançando a cabeça em concordância. — E agora, o que faremos?
— Vamos descansar por hoje. Amanhã partiremos para outra cidade. — Hael tirou o chapéu, passando as mãos pelo cabelo e jogando a franja para trás. Pegou sua mala e a maleta de dinheiro.
— Só nós dois? — ela indagou.
— Não.
— Quem mais?
— Meus homens, senhorita. Se quiser desistir, esta é sua última chance.
— Por mais que você deseje isso, lamento dizer que não vou desistir. — Ela sorriu, desafiadora.
Os dois saíram do celeiro e seguiram em direção ao Saloon, mas, no meio do caminho, Hael mudou de ideia e levou Isabella para uma hospedaria próxima. Assim que abriram a porta, um sininho soou, anunciando sua entrada.
A dona do lugar, uma mulher de cabelos grisalhos e sorriso acolhedor, apareceu no balcão.
— Billy, voltou rápido. — Ela notou Isabella ao lado dele e arqueou as sobrancelhas. — E quem é esta?
— Filha do xerife de Albuquerque. — Hael respondeu, cruzando os braços.
A senhora Candice soltou uma exclamação surpresa.
— Estão todos falando do xerife. Foi aquele tal de Jason, não foi? Esse homem nunca aprende.
— Sim. Eu vou trazê-lo de volta.
Candice arregalou os olhos, mas, antes que pudesse protestar, Hael a tranquilizou com um meio sorriso.
— Vai querer um quarto para ela?
— Sim, deixe-a no meu por enquanto. Eu pego outro, se necessário.
— Muito bem. — Candice sorriu e se voltou para Isabella. — Você é tão bonita, minha querida. Qual é o seu nome?
— Isabella Portman. — Ela fez uma pequena reverência e sorriu abertamente.
Hael observou de canto, quase sorrindo junto. O sorriso dela era realmente encantador.
— Vou deixá-la sob seus cuidados, Candice. — Ele entregou a maleta de dinheiro e a bolsa para Isabella. — Cuida disso por enquanto para mim.
— Você não vai ficar aqui? — Isabella perguntou, com uma ponta de ansiedade na voz.
— Não. Preciso resolver algo. Não é lugar para senhoritas como você. Candice cuidará bem de você.
Ele saiu da hospedaria, mas, antes de fechar a porta, ouviu Candice perguntar:
— Já comeu, querida?
— Não.
— Está com fome? Antes de subir, que tal jantar?
Isabella respondeu que estava faminta, e Hael sorriu consigo mesmo. Agora poderia ir ao Saloon com a mente mais tranquila.
Ao atravessar a porta do bar, o burburinho cessou por um momento, e os olhares se voltaram para ele. Quando seus homens o avistaram, levantaram-se de suas mesas com sorrisos largos.
— Chefe! — saudaram em uníssono.
Hael fez um leve gesto com a cabeça em resposta, aproximando-se.
— Eu disse que ele voltaria cedo! — exclamou Jake, o melhor amigo de Hael, com um sorriso vitorioso. — Conheço esse safado!
Algumas risadas ecoaram pelo Saloon, e o ambiente logo retomou seu ritmo normal. Hael se juntou ao grupo, observando-os entregar pratas a Jake.
— Vai querer o de sempre, Billy? — perguntou o dono do bar.
— Sim, talvez algo mais forte desta vez. — respondeu, retirando o chapéu.
Jake, Charlie, Spencer, David e Miguel o cumprimentaram com abraços e t***s nas costas. Quando se sentou, Charlie foi o primeiro a comentar:
— Chefe, ouvimos que você se meteu em confusão em Albuquerque.
— Se fosse só isso, estava ótimo. — Hael suspirou, jogando os fios de cabelo para trás.
— O que aconteceu? — Jake perguntou, preocupado. — Ouvimos dizer que Jason levou o xerife.
— Sim. — Hael fez sinal para que eles se aproximassem, a expressão ficando mais séria. — Queria dar mais tempo de descanso para vocês, mas os planos mudaram. Podem recusar, se quiserem.
Os homens trocaram olhares rápidos.
— Estamos dentro, chefe. — Charlie disse. — Estávamos entediados mesmo.
— Vamos atrás do xerife. Temos um bom dinheiro para isso.
— Quem pagou? — Jake perguntou.
— A filha dele. Ela está aqui.
— O quê?! — Todos exclamaram ao mesmo tempo, atraindo alguns olhares curiosos.
— Sim, eu sei. — Hael esfregou os olhos, exasperado. — Ela é teimosa.
— Pelo menos é bonita? — Miguel perguntou com um sorriso travesso.
Hael deu um tapa leve no chapéu dele.
— Respeito. Ela está aqui por outra razão. Entendido?
Os três solteiros balançaram a cabeça, envergonhados.
— Mas por que trouxe ela? — Jake insistiu.
Hael suspirou profundamente e contou tudo. Quando terminou, todos pareciam igualmente preocupados.
— Talvez devêssemos deixá-la aqui. — Charlie sugeriu.
— Pensei nisso, mas algo me diz que ela faria besteira. É melhor mantê-la sob nossa proteção.
David assentiu.
— Vamos protegê-la.
— E você já tem um plano? — Spencer perguntou.
— Sempre. — Hael respondeu com um sorriso misterioso. Olhou para Jake e David. — Mas vamos precisar de mais alguém para isso.
Jake ergueu as sobrancelhas, surpreso, enquanto David sorriu de canto, já prevendo a resposta.
— Não acredito. Essa eu quero ver. — Jake riu, batendo na mesa.
Hael sorriu, cheio de saudade.
— Eu também, meu amigo. Eu também.