POV JUDE

É para ser um bom dia. Vai ser um bom dia.

Um dia bom e tranquilo o suficiente para eu esquecer que a 5 anos atrás foi o dia em que todos da minha família foram mortos, pois o aniversário de morte deles cai exatamente no dia em que Elisa está fazendo aniversário.

Quando eu estava em uma cama sofrendo das dores de um parto natural, dando tudo que o meu corpo tinha para dar eu com certeza não estava tendo tempo para sofrer meu luto.

Não que eu tivesse algum cemitério para visitar ou algum memorial, eu nunca tive absolutamente nada para eles.

Mas tudo bem. Eu sempre tive a concepção que aquela história de funerais, flores e até mesmo a própria lápide é uma coisa feita só para os vivos. Os mortos não dão a mínima, pois eles são exatamente isso: apenas mortos. Não tem mais os problemas de um corpo e tudo se vai junto com eles.

Pelo menos é o que eu espero.

Mas a chegada de Elisa foi realmente um presente. Uma chance em um milhão de ressignificar um dia que deveria ter sido e