AMET:

Meus lábios se entreabrem, mas não consigo responder de imediato. Aquela pergunta que tanto temia que surgisse agora está diante de mim, feita por seus lábios.  

—Por que você me pergunta isso? —respondo enfim, inseguro se ela realmente está se lembrando de tudo ou se são apenas flashes. No entanto, dentro de mim, estou quase certo de que ela possui memórias sobre aquilo: nosso passado-futuro, aquela outra vida que compartilhamos e que agora começa a despertar em sua mente.  

Ela me observa, processando a situação. Vejo em seus olhos o esforço para acomodar as peças desse quebra-cabeça que começa a se encaixar em seu interior. Mas antes que formule uma nova pergunta, como de costume, suas mãos suaves me tomam e me guiam.  

—Venha ver. Olhe meu diário, não sei por que imagino tantas coisas —diz