Gabriela
O vento frio de Missoula acariciava meu rosto enquanto eu caminhava pela calçada movimentada. O cheiro de café fresco misturado ao de pão recém-saído do forno flutuava no ar, um convite para esquecer, nem que fosse por alguns minutos, a inquietação que me acompanhava nos últimos dias.
Mas eu não conseguia ignorá-la.
Desde que voltei para casa, sentia algo diferente. Uma presença. Sempre que saía, um carro preto parecia surgir de algum lugar—estacionado do outro lado da rua, movendo-se devagar pelo bairro, aparecendo nos retrovisores toda vez que eu dirigia.
Talvez fosse paranoia. Ou talvez não.
Engoli seco e olhei discretamente para o outro lado da rua. Ele estava lá de novo.
Meu coração deu um salto. A respiração ficou um pouco