Rolou na cama ao escutar aquele som irritante sei lá quantas vezes. Sabia que tinha tocado mais de duas, mas não sabia qual foi a vez que rolou e puxou o travesseiro para os ouvidos. Resmungou, mas se levantou após jogar as cobertas para longe com os pés. Caminhou até o banheiro, tomou um banho, lavou os cabelos, fez a higiene que faltava e saiu de lá de dentro já pronta para ir ao colégio. Queria ficar em casa? Sim. Mas a vida não é tão feliz assim. Ela tinha aula e se tentasse enrolar sua mãe ou seu pai a levantaria pelos cabelos. Bem, estava exagerando, mas a cena não seria linda, não. Passou o creme no corpo ao se lembrar que tinha se esquecido, colocou a bota de cano longo, subindo o zíper ao mesmo tempo em que abriam a porta.
— Ei, b**e na porta.
— Preguiça ambulante, a mamãe está chamando.
— Preguiça ambulante é a senhora sua...
— Oi? Quem?
Ela trincou os dentes vendo que ele se divertia por ela não poder continuar.
— Eu vou finalizar minha maquiagem.
— Nós vamos nos atrasar e a culpa será toda sua.
— Vai se ferrar.
— Pai! A Nat mandou seu filho se...
Natalie jogou uma almofada na cara do irmão antes que ele pudesse terminar.
— O dia mal começou e você já está mal-educada, mal-humorada e tacando coisas nas pessoas. Você precisa ser tratada.
Ela o fuzilou com os olhos pelo espelho do banheiro, e isso porque ele tinha seguido ela até lá enquanto enumerava como ela estava naquele dia.
— Tem um pontinho incerto no seu olho.
— O ponto incerto vai parar no meio da sua cara, se não me deixar em paz.
Thomas riu.
— O que foi que eu te fiz?
— Quer que eu enumere outra vez?
Natalie se esforçou para ficar calada enquanto finalizava a maquiagem, e Thomas se encostou no batente da porta, observando-a passar o rímel, a máscara para cílios e o blush clarinho nas bochechas.
— Não é que você sabe mesmo fazer isso? A mamãe vai ficar tão orgulhosa.
— Cala a boca.
Ele riu, não se importando com a frase grosseira.
— O que a maquiagem não faz em uma pessoa. Te deixou linda.
— Quer apanhar?
Ele voltou a rir.
— Crianças.
Ambos se viraram para a mãe, que adentrava o quarto.
— Vocês vão se atrasar, o que estão esperando para descer?
— Mãe, não somos mais crianças.
— Principalmente seu filho. Não sabe as coisas que ele faz com a namorada quando não está.
— Cala a boca, Natalie.
— Ei! Isso é forma de falar com a sua irmã?
— Eu estava terminando a maquiagem, mamãe.
— Pode se orgulhar, mãe.
— Cala a boca, Thomas.
— Ei! A boca.
— Sua bruta, estou te elogiando.
— Prefiro que não o faça, se for para fazer gracinha.
— Não comecem, por favor.
— O único erro aqui é essa saia. Não podia ser um centímetro maior?
— Não comece, filho. Está parecendo seu pai.
Thomas deu de ombros.
— Está perfeita, querida.
Natalie passou a mão na saia.
— Os garotos vão cair em cima.
Natalie corou.
— Não seja tão ciumento, filho. – Diz sorrindo.
Thomas cruzou os braços, se negando a responder àquela frase dita por sua mãe.
— Agora vão comer, ou vão se atrasar.
— A culpada é a Nat.
— Vai se ferrar.
— Natalie! – Sakura a repreendeu, e Thomas deu um sorriso presunçoso que fez a morena se irritar.
— Ele que começou.
— Você que é uma preguiçosa.
— E você é um insuportável.
Ambos foram interrompidos pela rosada, que se colocou no meio deles.
— Parem já os dois. Isso não é hora. – Diz com as mãos na cintura.
Eles se fuzilaram com os olhos.
— Vamos descer.
Natalie sai marchando para fora do quarto, fazendo Mia sorrir pela forma como ela se pareceu com o pai naquele momento. E então Thomas a seguiu para fazer como a mãe pediu, passando por ela, mas não sem antes jogar os cabelos dela para cima. Era mais forte que ele. Precisava provocá-la de alguma forma.