7º Capitulo

Assim que o dia amanheceu eu percebi que estava terrivelmente atrasada, o sol já estava alto, devia ser os remédios que eu tinha tomado, droga! Corri para fora do quarto ajeitando o uniforme e vi Jack já na cozinha fazendo o café, merda... Desse jeito eu nunca ia conseguir um emprego definitivo.

- Desculpa... Dormi demais, eu, eu faço o café rapidinho!

Ele me olhou e sorriu.

- Tudo bem eu já fiz, aliás, fiz coisas demais, fiz ovos, panquecas, bacon... Acho que me empolguei, não sei cozinhar para poucas pessoas, quer tomar café comigo?

Mordisquei o lábio nervosa, isso era muito errado.

- Não é certo, eu devo...

- Deve se sentar agora e parar de mi mi mi, Nataly estamos só nós dois aqui, não há motivos para fazer pose.

- Mas...

- Senta ai vai, essa comida vai sobrar mesmo...

Eu me sentei ao lado dele e comecei a saborear, minha nossa, ele cozinhava maravilhosamente bem, senhor tinha alguma coisa que aquele homem não fizesse bem? Assim ficava difícil demais resistir.

- Como está seu pulso? Sente alguma dor?

- Estou me sentindo bem melhor, obrigada por ontem...

- Sou seu chefe não seu carrasco, apesar de que o que falam de mim por ai não é exatamente gentil.

- Eu não acredito em tudo que falam de você por ai, quer dizer... Hortência disse que você não recebia visitas por que causava arrepios em qualquer um, mas ainda não conseguiu me assustar.

Ele riu alto.

- Esta tentando puxar meu saco para ganhar algum aumento? Se está não vai colar, quanto a eu não ser tão ruim, você me pegou em uma boa fase, estou com os muros baixos.

Seria por causa do casamento? Será que o fato do casamento não ter dado certo fez com que ele decidisse mudar? Eu não tinha certeza, suspirei, ele se levantou e recolheu a própria xicara.

- Vai para a empresa?

- Não. – Ele me olhou. – Vou ficar no escritório, no andar de cima, meu advogado vem mais tarde para me trazer alguns papéis, será que você pode limpar a piscina para mim? Vou receber uns amigos mais tarde.

- Claro!

Ele se retirou subindo as escadas, eu fiquei olhando até que ele sumiu da minha vista, depois me esbofeteei no rosto, diabos, o que estava acontecendo comigo, eu precisava ser forte caramba!... Não dava pra ficar se apaixonando por todo patrão bonito que eu encontrava por ai.

Terminei de organizar a cozinha e fui para o jardim aspirar à piscina como Jack tinha me pedido eu precisava me esticar com todo o corpo para poder alcançar de todos os lados, meus braços eram curtos demais para fazer aquilo, mas tudo bem eu daria um jeito, me distraí limpando a água e não percebi quando Jack apareceu atrás de mim, ele deu um pulo e gritou para me assustar e deu certo, porém com meu susto acabei caindo na água, afundei imediatamente, a piscina era muito funda e não me dava pé, comecei a me debater feito uma doida, eu ia me afogar.

Jack ria como um louco, apenas algum tempo depois é que ele se de por conta de que eu realmente não sabia nadar e então pulou na água, me retirando na piscina e me deitando na beirada dela.

- Nataly? Nataly? - Ele disse repetidas vezes o meu nome enquanto massageava meu peito e batia de leve com a mão em meu rosto. – Droga! ...

Ele se abaixou e soprou ar em minha boca tentando me fazer voltar, deu certo logo eu comecei a por toda água que tinha engolido para fora e comecei a tossir, ele passou o casaco sobre meus ombros e me abraçou.

- Graças a Deus, morri de medo de te perder agora...

Eu ainda não conseguia responder, minha garganta queimava, mas o abracei de volta, ele me soltou me encarando.

- Pensei que soubesse nadar, seu pai era pescador não era?

- Nem sempre filho de peixe, peixinho é... Eu sempre tive pavor de água.

- Ok, sinto muito...

Ele me levantou no colo e me levou para dentro, meus lábios estavam meio roxos e eu tremia sem parar.

Colocou-me no sofá e correu para buscar um cobertor, voltou segundos depois enrolando o cobertor ao meu redor.

- Desculpa...

- Ta tudo bem, eu vou ficar bem, só preciso me aquecer e respirar um pouco, logo passa...

Ele passou os dedos calmamente pelo meu rosto, nessa hora eu acabei olhando para ele, Deus como aqueles olhos podiam ser tão bonitos, como aquele rosto podia ser tão bonito, seus dedos brincaram pela minha face e afastaram meus cabelos molhados, delicadamente ele passou seu polegar pelos meus lábios e involuntariamente eu os entreabri tomada pelo desejo de mantê-lo ali.

- Eu acho que...

Eu o vi se aproximar calmamente, ele estava tão próximo a mim que era possível sentir a respiração dele no meu rosto, ele repousou sua mão em meu ombro e seus dedos deslizaram pelo meu pescoço me puxando para junto de si, eu podia estar atordoada da água da piscina, mas eu tinha noção de uma coisa, ele estava prestes a me beijar... Tentei recuar para longe, fugir era a melhor escolha, mas ele me segurou firme...

Nessa hora ouvimos alguém entrar e limpar a garganta para se fazer ser visto, Jack me soltou rápido e se afastou.

- Daniels!

O advogado de Jack me olhou sério e depois sorriu me cumprimentando com a cabeça, eu respondi e abaixei o rosto morrendo de vergonha.

- Jack... Temos muito o que conversar.

- Claro, vamos subir...

Jack subiu as escadas sendo acompanhado por Daniels, eu logo dei um jeito de me levantar e escapar dali, que vergonha meu Deus, que vergonha... O que aquele homem pensaria de mim? Boas coisas com certeza é que não, corri para o meu quarto e troquei de roupas, voltei ainda secando os cabelos e pus um café para passar na cafeteira, servir café era o mínimo que eu podia fazer para tentar aliviar minha péssima imagem agora.

Quando me aproximei do escritório com a bandeja de café eu pude ouvir Jack berrando.

- Eu não quero saber onde aquela irresponsável largou o anel, eu o quero de volta! Aquele anel era uma relíquia de família, ela que dê um jeito de recuperá-lo!

- Vou dizer isso ao advogado dela.

- Quanto ao valor a ser pago, eu pago o que for para me livrar dela, eu só quero poder ser livre de novo...

- Estou fazendo o que posso, e vou te garantir que estou trabalhando da melhor forma possível até por que além de seu advogado também sou seu amigo e é exatamente por isso que me sinto no direito de lhe perguntar...

Eu me aproximei da porta interessada na conversa.

- O que está rolando entre você e a empregada?

O silêncio caiu entre os dois no escritório e eu me aproximei ainda mais para ouvir a resposta, eu precisava saber.

- Não há nada entre nós Daniels, fique tranquilo, aquilo que viu foi apenas um momento, ela tinha caído na piscina e eu estava me certificando de que não precisava levá-la ao hospital. – Ele esfregou o rosto nervoso. – E no mais se quer saber eu já aprendi minha lição, não me meter com mulheres interesseiras ou empregadas, afinal já tenho uma cota de problemas...

- Acho bom Jack, acho realmente muito bom por que essa garota não está acostumada com nosso mundo e você já teve suas aventuras.

- Se tive...

- Então a deixe em paz, até por que ela não me parece ser do tipo que você está acostumado a lidar...

Eu senti as lágrimas virem aos olhos, de que “Tipo” eles estavam falando? De que Tipo eu era então? Tudo bem, eu sei que era idiotice minha acreditar que podia haver algum sentimento entre mim e Jack, mas nunca pensei que ele pudesse pensar dessa forma, uma empregada, era só isso que eu era.

Entrei no escritório sem bater e larguei a bandeja de café antes que algum dos dois pudesse dizer alguma coisa, sai em disparada dali, não queria que ninguém visse meu rosto, Daniels olhou para Jack.

- Será que ela ouviu alguma coisa?

- Não sei, talvez... Mas tudo bem, depois falo com ela e resolvo isso, vamos tratar do divórcio.

Mais tarde no mesmo dia eu estava decidida a esquecer Jack então decidi focar nos meus afazeres, quanto mais eu trabalhasse e ocupasse minha cabeça mais fácil seria esquecer aquele homem.

Jack procurou Nataly por toda casa, quando estava quase desistindo lembrou que não a tinha procurado pelo bar, então decidiu ir até lá, e lá estava ela, atrás do balcão limpando garrafa por garrafa de uísque, mas quem tinha dito para ela que precisava fazer isso? A ideia era fazer o básico não sair desenterrando tudo que via pela frente, ele se debruçou sobre o balcão a observando sem que ela percebesse.

- Pensei que tinha sido claro sobre não fazer esforços desnecessários.

Quase larguei a garrafa de uísque, aquela tinha sido por pouco mesmo,

- Senhor Belmont! Que susto...

Ele não gostou nada do que ouviu me puxou pelo braço para cima e me olhou sério e parecendo nervoso.

- Já falei que não deve me chamar dessa forma, aqui sou Jack, apenas isso...

Meu coração trapaceou me lembrando o quando eu o achava atraente, porém me mantive firme.

- É meu patrão, querendo ou não o correto é mantermos a formalidade, independente de quantas pessoas estejam conosco, sempre serei a empregada.

Dei as costas para ele pegando o balde de água e começando a me retirar, Jack me segurou pelo cotovelo.

- O que há com você Nataly? É sobre o que ouviu no escritório? Se é saiba que não gosto nada de saber que gosta de ouvir conversas atrás da porta.

Eu puxei meu braço com raiva.

- E eu não gosto nada do jeito como você me toca e me encara como se esperasse alguma coisa a mais de mim!

Falei com raiva e me retirei apressada, porém Jack estava disposto a levar aquela conversa adiante e me seguiu, apressei o passo quase correndo até meu quarto, entrei e fechei a porta logo atrás de mim passando a chave, depois deixei o corpo escorrer pela parede, “Deus! O que eu tinha acabado de fazer?”. Esse homem ia me enlouquecer nesses 15 dias, eu não era assim, eu nunca tinha feito algo parecido, por que com ele eu perdia meu controle tão facilmente, o que ele estava fazendo comigo?

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