Chuva? Não, orvalho, a retina ainda não se acostumou àquela luz, abre com sofreguidão, tenta focar, até finalmente conseguir enxergar o que tem ao redor, não tenho recordações de como vim parar aqui, aliás, o que é aqui? Não tenho noção de tempo, não tenho noção de mim, me desgasto só de tentar criar uma narrativa em minha cabeça, o corpo dói, mesmo assim é preciso levantar deste solo úmido.Consigo caminhar apoiado nas frondosas árvores que me cerceiam, um gosto amargo na boca, álcool, é claro, é sempre o álcool, toda vez que penso em deixar de consumir me lembro do aroma inebriante, do toque dos outros ingredientes em meu palato, lembrar-se disso me dá sede, apesar de não me recordar de nada o vocabulário parece intacto, a aurora já raiou, preciso me localizar, é um belo bosque. Pela quantidade de folhas secas no solo creio que estamos no outono, à cabeça começa a zunir, ao tocar a cabeça noto a primeira diferença, careca, completamente careca, não tenho tantas lembranças ainda de m
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