O ÉDEN PERDIDO - O ÚLTIMO CRISTÃO NA TERRA
O ÉDEN PERDIDO - O ÚLTIMO CRISTÃO NA TERRA
Por: Rafael Zimichut
PRÓLOGO

NEW YORK

— MUITO BOM CHARLES – disse o doutor Carlisle Willian Burke completamente feliz da vida com o resultado de suas pesquisas de quase cinco anos de trabalho árduo – resumindo... a experiência deu certo, é um absoluto sucesso.

Os dois começaram a pular por entre os experimentos comemorando o grande feito, nada no mundo poderia deixá-los mais feliz do que aquela descoberta, cinco anos trabalhando arduamente dia e noite, e no fim, tudo tinha dado certo...

O mundo jamais será o mesmo...

— Esse experimento pode ser a solução para a cura de todas as doenças do mundo – disse Charles ainda mais feliz.

— Sim – garantiu Burke – usarei o método reverso, se tudo der certo, e creio que dará, estamos a um passo de salvar milhares de vidas, quem sabe, até mesmo toda a raça humana.

— Mas isso contraria o princípio da evolução humana, doutor.

— Não vejo dessa forma, Hitler acreditava que a purificação das raças era a solução para a evolução, friamente falando, sim, todas as pestes e doenças que acometeram a humanidade fez dos sobreviventes e sua posteridade mais fortes e imunes, somente sobrevivia aqueles que eram imunes ou resistentes a elas, mas porque não podemos adiantar esse processo, fazendo todas as pessoas imunes?

— É uma hipótese, doutor, mas a natureza tem seus princípios.

— Não é uma hipótese, Charles, nós acabamos de criar uma realidade, se fizermos uma vacina que previne todas as doenças, matando o vírus antes de se manifestarem e fortalecendo todo o sistema imunológico, todas as pessoas ganharão qualidade de vida, ninguém precisará ficar mais em hospitais por causa do câncer, ebola, ou qualquer outra doença...

Charles nunca discutia com o doutor, o cara era um gênio, tinha resposta na ponta da língua para todos os questionamentos mais complicados da humanidade.

CHARLES SAIU PARA BEBER com alguns amigos naquela noite. Ele sentia lá no seu íntimo que precisava comemorar, mesmo que as pessoas não soubessem o porquê de tamanha alegria.

— Um brinde à minha vitória.

— Um brinde – gritaram os amigos retribuindo o aceno.

— Então – disse um amigo após a comemoração – qual o motivo de tamanha alegria?

— Conseguimos descobrir... – ele parou bruscamente – desculpe, gente, não posso falar, mas digo que é uma coisa bem legal.

Uma garota que estava atrás dele se interessou pela conversa, ela sabia que aquele jovem trabalhava com seu namorado, que vivia escondendo as coisas dela, e essa seria a oportunidade de ouro de descobrir o que o magricela estava escondendo.

— Oi, Charles – disse Catherine.

— Cat – disse ele abismado por vê-la ali – o que está fazendo aqui?

— Aproveitando a noite com alguns amigos, e você? O que está comemorando?

— Comemorando? – Disse ele tentando disfarçar.

— Esse cara é simplesmente demais – disse o amigo completamente bêbado o abraçando e dando um beijo em sua face – ele descobriu a cura para todas as doenças... já pensou nisso, gata?

O rapaz deu outro beijo espalhafatoso no rosto de Charles.

— Eu te amo, cara, você é meu orgulho.

Ele fez sinal de brindar com a garrafa de cerveja.

— Tintin, gata...

Charles fez cara de desentendido.

— É verdade, Charles?

— Claro que não, que coisa mais absurda, cada doença tem sua particularidade específica, seria impossível um antídoto que reagisse a todas elas.

— Talvez – disse Catherine –, desde que você as tratasse uma por uma, e não pelo sistema imunológico em si.

Que merda... – pensou Charles – Carlisle disse que essa garota era burra como uma porta...

— Cat, se fosse tão simples assim, você acha que alguém já não teria descoberto isso antes?

Naquela noite os dois dormiram juntos e Charles contou tudo.

CHARLES ACORDOU NO MEIO da madrugada ainda bêbado e percebeu que Catherine já o havia deixado.

Desgraçada... Burke vai me matar quando souber que contei a ela nossa descoberta...

Mas pelo menos ele sabia como Burke se sentia ao deitar–se com aquela garota...

Burke e todo o time de futebol...

A culpa por falar do segredo de Burke estava corroendo Charles por dentro, ele sabia que não deveria ter falado nada para ela...

Mas o que ele poderia fazer?

Aquela mulher era como a serpente no Jardim do Éden, teria feito com que ele matasse outra pessoa se assim o desejasse...

Mas agora não era hora de pensar naquilo... o que está feito, está feito...

APESAR DE TER DORMIDO relativamente bem, a bebedeira não havia passado ainda, ele sentia que deveriam ter dado algo a mais para ele, normalmente a bebedeira se vai pela manhã, mas aquela em especial estava durando mais do que ele imaginava.

De repente, um garoto atravessa a rua do nada e por causa da bebedeira, seus reflexos estavam muito lentos...

Ele atropela o garoto.

O tempo parecia que havia parado, a única coisa que Charles ouvia era a voz aguda de uma criança gritando...

Brian... Brian...

Os vizinhos começaram a sair um a um de suas casas.

Charles saiu do carro cambaleante e viu o corpo do garoto estendido no chão, ele não sabe explicar como naquele momento a bebedeira passou, mas ele entrou novamente no carro e fugiu.

A ESTAÇÃO DE TREM estava lotada, apesar do desespero em seu coração – por causa do garoto que havia matado há algumas poucas horas –, existia uma frieza dentro dele que o fazia agir naturalmente.

De repente, alguém o cutuca levemente por trás e a voz que ouviu parecia a de um fantasma.

— Por que está fugindo, Charles?

O doutor Burke tinha uma voz muito grave.

— Doutor... – disse espantado – me desculpe, eu...

— Contou para Catherine nossa descoberta, era isso?

— Também... é... que... matei um garoto...

O corpo do doutor Burke ficou completamente imóvel...

Não era possível que tinha sido ele quem matou o garoto...

Charles começou a chorar.

— Eu não queria, Carlisle, juro que não queria... estava bêbado, não sabia o que estava fazendo... eu... eu...

— Ninguém quer fazer essas coisas...

Charles sentiu uma picada e aos poucos foi perdendo os sentidos, então, desmaiou.

— ESTÁ TUDO PRONTO, doutor – disse o ajudante.

— Muito bom, Henry, agora é só fazer o teste, se ele sobreviver, podemos começar a sonhar em salvar a humanidade dela mesma.

O jovem ajudante colocou Charles na câmara de resfriamento e ligou o aparelho.

— Vai ser melhor para ele – disse solícito o doutor ao ajudante – ele seria preso, julgado e condenado por matar meu sobrinho, o preço da vida dele é pequeno demais se compararmos com a humanidade toda.

— Por que o senhor está falando isso, doutor?

— Porque eu criei a destruição da humanidade, Henry, e agora, tenho que consertar o terrível erro que cometi...

— Desculpa, doutor, mas...

— Sei que você não entendeu nada do que disse, mas seus filhos entenderão...

CATHERINE TER DESCOBERTO o experimento foi a pior coisa que já havia acontecido na vida de Burke, e ter sido chantageado por Willian Johnson era pior do que ele poderia imaginar, por sorte, um dos alunos mais brilhantes da faculdade em que estudavam era filho de um russo bilionário e sua mãe estava morrendo.

— Acho que posso ajudá-la... – disse Carlisle.

Ivan olhou estranhamente para ele.

— Desculpe, mas...

— Posso ajudar sua mãe, se quiser, é claro...

— É tudo o que mais quero nessa vida.

A MÃE DO RAPAZ FOI LEVADA para o laboratório de Burke e submetida a vários testes sob o olhar esperançoso do filho. O Vírus–Ômega modificado combateu com eficiência o câncer que estava matando aquela mulher. Em duas semanas ela teve alta do hospital, todos, sem exceção, disseram que havia acontecido um milagre naquele quarto.

Como resposta de agradecimento pela vida da mãe do garoto, Burke foi premiado em trezentos milhões de dólares. Ele enfim pôde começar o projeto para salvar a humanidade do caos que viria no futuro.

O Dr. Burke nunca deixou de pensar sobre o que falaram dele enquanto criança...

Ele seria a pessoa que mudaria o rumo da história que conhecemos...

Por mais que quisesse se esforçar em acreditar que ele mudaria o rumo da história para o bem, os fatos que o cercavam mostravam o contrário, quase que por um deslize seu ia morrer nas mãos de um louco.

Mas o que posso fazer? Amo aquela desgraçada...

Por mais que Burke tentasse raciocinar logicamente, a imagem de Catherine não lhe saia da mente, o pior de tudo é que ele sabia que ela também sentia a mesma coisa, mas no caso de Catherine, ela sabia o que a faria ser uma mulher reconhecida no mundo todo.

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