Capítulo 32

PENÉLOPE VERONESI

O meio-dia chegou, marcando o ponto exato no relógio que ficava bem acima da porta principal do quarto. Resolvi não tocar no celular, resistindo à tentação de buscar comentar alguma coisa com o meu melhor amigo. Agradecia que, pelo menos, Ezra mantinha uma ponta de decência ao não instalar câmaras nos recônditos do banheiro, mas o receio ainda persistia. Era uma dança perigosa entre a preservação da privacidade e a constante vigilância imposta por circunstâncias que, a cada dia, revelavam-se mais complexas, e eu com certeza não passaria essa linha.

Optei por vestir a roupa de frio mais pesada que eu tinha na mala, mesmo consciente de que, provavelmente, não seria o suficiente para enfrentar o gélido clima de Florina. O tecido, apesar de aparentemente espesso, parecia uma barreira frágil contra a intensidade do frio que envolvia a cidade. Se algumas semanas atrás, quando viemos para cá, Ezra ao menos tivesse me dito sobre ser cautelosa na escolha das minhas roupas, te
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