Bridget sentiu o peso daquelas últimas palavras pairando no ar como uma nuvem sufocante.Sem dizer mais nada, virou as costas, deixando tanto Andrew quanto Maxwell paralisados no jardim.Ela atravessou o salão da mansão com passos firmes e decididos, lutando contra as lágrimas que ameaçavam cair.Pegou seu celular e pediu um Uber sem avisar ninguém, apenas querendo desaparecer dali por algumas horas.O carro chegou rápido.Ela entrou, abaixou a cabeça e disse o nome de um bar discreto que conhecia na cidade, longe dos olhares curiosos da alta sociedade.Durante o trajeto, Bridget olhava pela janela, vendo as luzes da cidade borradas por seus olhos marejados.Tudo dentro dela parecia um turbilhão: raiva, tristeza, decepção… E um desejo desesperado de esquecer, ao menos por uma noite.Quando o carro estacionou em frente ao bar, ela respirou fundo e desceu.O local era acolhedor, iluminado por luzes amareladas e com uma música suave tocando ao fundo.Era frequentado por todo tipo de gent
Elizabeth falava ao telefone com Maxwell, enquanto Andrew, de braços cruzados, a encarava de perto, tentando ouvir cada palavra.— Sim, obrigada, Maxwell. Fico mais tranquila em saber que Bridget está segura com você... — disse ela com sinceridade, ignorando o olhar fulminante do filho.Ao desligar, Elizabeth virou-se para encarar Andrew, mas ele já estava visivelmente alterado.— Então é isso? — ele grunhiu, o maxilar travado. — Ela está com ele?Elizabeth suspirou, pousando o celular na mesa com cuidado.— Andrew, pelo amor de Deus... Bridget precisa de espaço. Ela está machucada. Maxwell só está cuidando dela.— Cuidando? — Andrew soltou uma risada amarga, as mãos fechadas em punhos ao lado do corpo. — Cuidando dela? É isso que você chama de roubar a minha mulher?Elizabeth franziu o cenho, confusa.— Andrew! — Elizabeth repreendeu, chocada com as palavras dele. — Bridget não é sua propriedade! E se você quer tê-la de volta, precisa começar entendendo isso!Andrew passou as mãos pe
Bridget segurou o olhar de Andrew por alguns segundos. Viu o pedido mudo nos olhos dele, mas também sentiu a dor pulsando em seu próprio peito, ainda fresca demais para ser ignorada.Respirando fundo, ela falou com calma:— Não agora, Andrew. — Sua voz soou firme, mas sem agressividade. — Eu prometo que... quando eu voltar para a mansão, a gente conversa.Andrew pareceu querer insistir, mas Bridget desviou o olhar, encerrando ali qualquer argumento. Maxwell ficou ao lado dela, imóvel como uma muralha silenciosa.Andrew soltou um suspiro pesado, passando as mãos pelo rosto antes de recuar.— Tudo bem — disse ele, a voz baixa e amarga. — Eu vou esperar.Então ele se virou e foi embora, cada passo ecoando na alma de Bridget.Maxwell fechou a porta sem dizer nada e, por alguns instantes, eles ficaram em silêncio, apenas respirando o ar carregado.Bridget se recompôs rapidamente.— Preciso focar no meu dia — murmurou, mais para si mesma.Maxwell sorriu de leve, apoiando a mão nas costas de
Quando terminaram de lanchar, Bridget e Callie permaneceram sentadas por mais alguns minutos, aproveitando o clima leve e a brisa agradável do jardim.O celular de Bridget, que estava silencioso sobre a mesa, vibrou de repente. Ela franziu o cenho ao ver que era um número desconhecido.Sentindo uma pontada de desconfiança, atendeu.— Alô? — disse, sua voz calma, mas atenta.Do outro lado da linha, silêncio.Ela esperou alguns segundos, pensando que talvez fosse uma ligação ruim ou até alguém tentando falar.— Quem está falando? — insistiu, sua expressão ficando séria.Nada.A ligação foi encerrada abruptamente, como se a pessoa do outro lado tivesse simplesmente desligado. Bridget permaneceu olhando para o celular em sua mão por alguns instantes, uma sensação incômoda crescendo dentro dela.Callie, percebendo a mudança no semblante de Bridget, perguntou preocupada:— Aconteceu alguma coisa?Bridget guardou o telefone na bolsa e forçou um sorriso.— Deve ter sido engano... — disse, ten
Bridget fechou a porta do quarto com um suspiro pesado.Aquela noite tinha sido insuportavelmente dolorosa.Ela sentia como se estivesse se forçando a ficar em uma casa onde seu coração só encontrava cicatrizes.Colocou a bolsa sobre a poltrona e caminhou até a janela, abrindo-a para deixar o ar fresco entrar.A brisa da noite acariciou sua pele, mas não levou embora o aperto que sentia no peito.Seu celular vibrou na cômoda.Ela caminhou até ele, curiosa.Número desconhecido.De novo.O coração de Bridget acelerou involuntariamente.Ela atendeu, levando o aparelho à orelha com cautela.— Alô?Silêncio.— Quem é? — insistiu, sua voz mais firme.Nada. Apenas o som abafado de uma respiração do outro lado da linha.Bridget desligou com um estremecer involuntário, sentindo uma sensação incômoda rastejar sob sua pele.Já era a segunda vez em poucos dias. Quem estaria fazendo isso?Tentando não se assustar ainda mais, ela trancou a porta do quarto e foi ao banheiro tomar um banho rápido, te
Bridget saiu da Livraria-Café Tulipa com o coração aquecido, o cappuccino ainda fazendo cócegas suaves em sua memória afetiva. O céu nublado refletia seus sentimentos: uma mistura de esperança e incerteza. Ela caminhou devagar até a calçada, mas assim que passou pela porta, aquela sensação desconfortável de estar sendo observada voltou. Arrepios percorreram sua espinha. Olhou discretamente para os lados. Nada. A rua em frente estava tranquila, movimentada apenas por transeuntes apressados e o fluxo normal da cidade. Mesmo assim, Bridget sentiu o estômago revirar. "Calma, deve ser impressão... ou talvez café demais," pensou, tentando rir de si mesma. Mas o incômodo persistia. Ao dar mais alguns passos, sentiu o vento bater forte, como se o próprio universo sussurrasse: "Volte." Bridget não hesitou. Girou nos calcanhares, empurrou a porta da Tulipa de volta com força e entrou novamente no espaço acolhedor da livraria. Com as mãos ainda tremendo, puxou o celular do bolso e d
Mais tarde naquela noite... A mansão Miller estava mergulhada num silêncio confortável, quebrado apenas pelo leve crepitar da lareira acesa na sala principal. Maxwell e Bridget estavam sentados no grande sofá de veludo azul-marinho. A luz dourada das chamas pintava sombras suaves nos rostos deles, criando um clima íntimo e acolhedor. Maxwell, sempre hábil em ler os ambientes — e as pessoas —, puxava assuntos leves, tentando distrair Bridget da tensão que ainda pairava sobre ela desde a estranha ligação e o breve encontro com Andrew. — Sabia que na Escócia eles acreditam que chá cura quase tudo? — ele disse com um sorriso divertido, oferecendo a ela uma xícara fumegante. Bridget sorriu de canto, aceitando o chá. — Mesmo o coração partido? — brincou, com a voz baixa. Maxwell fingiu pensar por um instante, dramatizando: — Para isso, minha querida, talvez precisemos de duas xícaras... e um pedaço generoso de bolo. Ela soltou uma risadinha sincera, e Maxwell sorriu satisfe
Bridget tentava disfarçar o incômodo que queimava em seu peito.Sentada à bancada de mármore, ela girava a colher dentro da xícara de chá sem realmente se importar com o que fazia.Maxwell, à sua frente, não era tolo.Com uma mordida preguiçosa no croissant, ele a observava com olhos atentos, sem dizer nada por um momento.— Você está quieta hoje, Bridget... — comentou, de forma casual, mas a voz carregava uma preocupação sutil — Dormiu bem mesmo?Bridget ergueu o olhar, forçando um sorriso doce.— Dormi sim, só estou... meio pensativa, eu acho.Maxwell apoiou o cotovelo na bancada e inclinou o rosto, analisando-a com aquele jeito paciente e gentil.— Pensando em coisas boas, eu espero.Ela riu sem humor, baixando o olhar para a xícara.— Ainda estou tentando decidir se foram boas... — murmurou, mais para si do que para ele.Maxwell não insistiu. Apenas estendeu a mão e tocou levemente a dela sobre a bancada, transmitindo apoio silencioso.Bridget fechou os olhos por um instante, agra