Zane Quimby
O cheiro de papel envelhecido e tinta fresca ainda pairava no ar quando o mensageiro entregou a carta.
Eu a peguei sem muita pressa, ainda digerindo a conversa com Dellan.
Relembrar do passado tinha trazido um raro momento de leveza. Mas, pelo visto, essa sensação não duraria muito, já que era bem óbvio para mim que as coisas seriam turvas no futuro.
A carta estava em um envelope simples, mas havia um peso estranho nele. Algo estava errado.
Meus instintos se retesaram antes mesmo de abrir o selo.
Assim que rasguei a lateral e deslizei o conteúdo para fora, um peso frio se instalou no meu estômago.
Minha respiração parou.
Nas minhas mãos, envolto em um fino tecido escuro, havia um pequeno feto de lobo morto.
Minúsculo. Frágil.
E, nas suas costas, havia marcas.
Marcas prateadas.
As marcas da deusa da lua.
Meus dedos se fecharam ao redor do embrulho.
O horror veio primeiro.
Depois, a raiva.
O tipo de raiva que queimava como uma fogueira prestes a se tornar um incêndio incont