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A Trégua do Silêncio

Aria

Hoje Julian acordou mais cedo. Correu para o meu quarto com os pés descalços, cabelo desgrenhado e um brilho nos olhos que eu não via há muito tempo.

— Mamãe, papai disse que vamos plantar uma árvore!

Senti um aperto no peito. Não de dor. De algo novo, quase esquecido:

Esperança.

— É mesmo? Perguntei, tentando esconder o nó que subia pela garganta.

— A gente vai plantar uma árvore que cresce até o céu! E depois ele disse que vai me ensinar a jogar xadrez.

—Igual gente grande!

A voz dele era cheia de empolgação, o queixo levantado como se carregasse uma coroa invisível.

— Então vá colocar seu tênis. Disse, ajeitando sua camiseta.

— Vamos ver se esse “papai” tem mãos boas para cavar buraco.

Julian saiu correndo, e por um momento fiquei sozinha no quarto, encarando meu reflexo no espelho.

Ainda me surpreendo com a mulher que vejo. Os traços firmes. O olhar que já não abaixa.

As cicatrizes que, mesmo invisíveis, me fizeram crescer.

Quatro anos atrás eu ter
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