Capítulo 8

Capítulo 8

O cheiro da colônia.

Tiago entra na área gourmet, cumprimenta a todos, vai direto até a Luciana que está olhando pela janela e bebericando o café.

Senta do lado dela sem deixar de a olhar, ela por sua vez sente um odor amadeirado e refrescante do pós barba, esse cheiro é tão bom que lhe arrepia os cabelos da cabeça.

Olha para o lado, mesmo vestido de preto, seu tutor exala charme, ele está mais lindo que na noite anterior.

— Você está bem?

— Não — responde com os olhos marejados.

— Eu sinto muito — fala segurando a mão dela. — Farei o que puder para você se sentir melhor.

Luciana sente como se ele estivesse fazendo uma promessa e o abraça enterrando o rosto em seu peito.

— Tadinha — diz Natália observando o casal.

— É de partir o coração — Dito comenta chateado.

Tiago toma o café da manhã com sua protegida e a leva em seu carro no funeral. No caminho ele segura sempre que pode a mão dela pra lhe transmitir segurança.

Ao chegar no velório, Tiago deixa Luciana com os pais e vai conversar com seu advogado. Marcos olha para ele e sorri dizendo:

— Está parecendo um CEO. Nunca imaginei que no guarda-roupa de um cowboy tivesse roupa social.

— Morei muitos anos em São Paulo, ia em inúmeros lugares, tive até que aprender a dançar.

— Surpreendente. Venha, não quero que ela nos escute.

Tiago anda pelos arredores com Marcos, suspirando com pesar o advogado não lhe dá uma notícia muito agradável. Na verdade, não é nada agradável.

— Tudo indica que assim que o juiz me convocar vai dar a guarda para o tio dela. É o parente vivo mais próximo. Sei que você é uma pessoa idônea, mas nesses casos deve ser entregue a guarda para o parente mais próximo. Farei o que puder para analisar todos os fatos, irei averiguar a vida do tio dela. A única coisa que sei é que acabou de se separar, viajarei até a casa dele, vou fazer uma varredura referente a vida dele, se for constatado que ele é inapto a tutela será sua.

Marcos para de andar, olha nos olhos do Tiago dizendo:

— Existe outra forma de passar por cima de tudo isso e ela permanecer ao seu lado.

Tiago franze a testa, não entende aonde ele quer chegar. Ergue os braços dizendo o óbvio:

— Se existe outra forma, então me diga o que eu farei.

Marcos sorri em seguida abre a boca para dizer mais é interrompido.

— Ê lasqueira! Cabra, corre, a garota desmaiou — Dito grita aos quatro ventos fazendo Tiago correr até ela.

Chega na porta do velório com o coração na garganta de tão preocupado, seu pai está levando ela no colo até o carro.

— Pai...

— Entra no carro, vamos levar ela ao hospital.

Tiago pega as chaves do carro e dirige o mais rápido que pode com o pisca alerta ligado. Dão entrada no hospital e não sai de perto dela por nada.

— Como ela está? — pergunta agoniado com o silêncio do médico que a está examinando.

Antes do médico responder termina a avaliação, a enfermeira sorri colocando a mão no ombro dele.

— Mantenha a calma, ela vai ficar bem — diz a enfermeira tentando lhe transmitir segurança.

O médico tira o estetoscópio dos ouvidos e limpa a garganta antes de falar:

— Ela sofreu uma forte emoção, a pressão dela está muito baixa. Vou medicá-la, fique tranquilo, ela está bem, mas só vai sair daqui assim que a pressão estiver normalizada.

Tiago escuta tudo atentamente sem tirar os olhos dela, balança a cabeça afirmativamente demonstrando para o médico que compreende tudo o que ele diz.

O médico anota no prontuário o estado da paciente e a medição, entrega o prontuário nas mãos da enfermeira que prepara o soro com a medicação.

— Assim que ela acordar poderá receber visitas no horário indicado — diz o médico antes de sair.

Tiago se aproxima da maca, observa o rosto inchado das lágrimas e suspira. Observa melhor a bochecha do lado esquerdo e franze a testa ao ver um pequeno hematoma levemente arroxeado.

— Filho, como ela está? — Perguntou Alexandre ao entrar.

— Nos liberaram, está no horário de visitas — diz Mariza se aproximando.

— Ela está bem, está sendo medicada. Pai, quando ela desmaiou bateu o rosto no chão?

— Não, segurei ela assim que percebi.

— Olhe isso... — mostra a marca passando o dedo. — Tem outra marca aqui...

Natália escuta a conversa e examina o rosto da garota.

— Ela levou um tapa no rosto. Está um pouco inchado — Natália compara o tamanho do hematoma com o dedo de sua mão. — Foi alguém do sexo masculino. Ela foi agredida, nos resta descobrir o que aconteceu.

— Por que alguém bateria nesse anjo? — perguntou Tiago com raiva.

— Tem ser humano pra tudo nessa vida. Assim que ela acordar e estiver melhor tentarei descobrir — diz Natália com um tom sério.

— Mariza, vamos voltar para o velório e resolver tudo o que falta. Filho, seu advogado está na sala de espera, quer falar com você antes de ir.

Tiago deixa Luciana com Natália e Dito e se despede dos pais indo até o advogado.

— Como ela está?

— Estável. Tem uma marca no rosto dela, parece um tapa.

— Eu não reparei. Talvez ela tenha entrado em alguma briga, sabe como é adolescente.

— Eu posso não conhecê-la, mas pelo jeito meigo e doce dela dúvida que se meta nesse tipo de situação.

— Está ficando super protetor.

— Não é essa a minha função de tutor? Ela não sai de perto de mim a não ser que queira e eu tenha absoluta certeza que estará bem. Contrate quem for necessário para mantê-la perto de mim até completar os dezoito anos. Investigue a fundo a vida do tio. Se eu estiver perdendo no tribunal farei a segunda opção que me indicou, não importa o que seja. Entendeu?

— Sim, senhor. Segunda-feira feira entro com o pedido e na terça vou visitar o tio.

— Ótimo, preciso ir. Quero estar perto dela quando acordar.

Após um aperto de mão, Tiago volta para o leito. Natália e Dito voltam para o velório após o horário de visitas.

Tiago não sai do quarto nem para ir ao banheiro com receio de que ela acorde assustada se sentindo sozinha.

Fica ali segurando sua mão pelas próximas duas horas até ela abrir os lindos olhos amendoados.

— Oi...

Ela sente a boca e a garganta seca.

— Água... Por favor...

— Vou pegar a água e chamar a enfermeira.

Tiago chama a enfermeira que chama o médico para fazer outra avaliação. Ciente do estado da paciente, o médico a libera e lhe passa um calmante natural caso fique agitada novamente.

— Você é responsável por ela? — perguntou o médico assinar a papelada de liberação. — Ela é menor, não posso liberar sem a assinatura de um responsável.

— Eles são namorados, doutor — diz a enfermeira com um sorriso contagiante enquanto tira o acesso da veia de Luciana.

Tiago ia corrigir a enfermeira, mas o médico lhe estendeu a prancheta e a caneta para assinar, então se calou e fez o solicitado.

Luciana escutou o comentário da enfermeira, mas a medicação que lhe deram foi tão forte que não conseguiu assimilar direito as palavras.

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