Ela não parou de falar, suas mágoas fluindo como um rio descontrolado, refletindo a dor que carregava há tanto tempo.
— Até a comida para mim é negada — desabafou, a voz embargada. — Só posso comer pouco, uma vez por dia. Vivo em péssimas condições... Minha recompensa é dormir no quarto da despensa fria, sobre um colchão rasgado. Sem lençol quente, apenas trapos velhos.
Os olhos de Leonardo se arregalaram ao ouvir aquilo. Ele sentia um nó se formando em sua garganta enquanto ela continuava.
— Todos os dias me levanto bem cedinho, e a luta começa... Faço café, almoço e janta, limpo a casa. E minha mãe sempre reclama! Quanto mais me esforço para fazer tudo direito, mais ela procura defeitos em mim. Me xinga e me põe de castigo! Depois do almoço eu lavo os pratos... Meu padrasto me odeia e não vale nada! Ele é um homem sem coração vive batendo em mim com a permissão da minha mãe!
A cada palavra dela, Leonardo sentia uma raiva absurda crescendo dentro dele. Como alguém poderia ser tão cru