Capítulo 30.
Eliza Campos.
Lucas me encarava do outro lado da sala, a expressão dividida entre preocupação e desconfiança. O ar entre nós pesava com palavras não ditas.
— Me conta direito sobre esse jantar.
Ajeitei a bolsa no ombro, contendo um suspiro.
— É só um jantar com um colega do trabalho, nada de mais.
Ele bateu os dedos na mesa antes de inclinar a cabeça daquele jeito característico, como se tentasse ler nas entrelinhas.
— Tá. — Ele inclinou a cabeça daquele jeito característico. — Que horas acaba? Posso te buscar.
Não era um pedido, e isso me fez ferver por dentro. Lucas sempre fazia isso, fingia ceder só para logo tentar reassumir o controle da situação. Às vezes conscientemente, às vezes não.
— Não precisa, já combinei carona.
Lucas recuou, mas seu silêncio dizia mais que palavras. Passamos a tarde como sempre fazíamos, pipoca e filme, mas havia uma tensão no ar que nenhum de nós ousava nomear.
[...]
Em casa, revolvi o guarda-roupa até encontrar o vestido azul-claro. Prese