O calor da cozinha se espalhava como um abraço. O forno estava aceso desde cedo, deixando o ar impregnado de especiarias — canela, cravo, noz-moscada — misturadas ao cheiro forte de carne temperada e manteiga derretida. Cassie ajeitou o avental e ergueu as mangas da camisa, rindo sozinha da bagunça em que já se encontrava: farinha nas mãos, no cabelo e até na ponta do nariz.
Na bancada, tigelas com ingredientes estavam alinhadas como um exército colorido. Ela estava determinada a trazer para aquela noite um pedaço da sua história, das tradições humanas que carregava. Se a matilha havia se tornado sua família, então mereciam provar o natal como ela sempre lembraria.
— Bart, não belisca a massa crua — advertiu, sem nem precisar olhar.
— Eu não fiz nada. — A voz dele veio inocente demais, o que só confirmou a suspeita.
Cassie girou nos calcanhares e o flagrou exatamente no momento em que ele enfiava um pedaço de massa na boca. Bart sorriu, os dentes cheios de farinha, e piscou para ela.