Capítulo 7 — Consentimento
Narrador:
Cleo fechou a porta com o mesmo sigilo com que um ladrão entra na casa de outra pessoa. Largou a mochila, tirou os sapatos e deixou que o silêncio a envolvesse. O bilhete no espelho foi um presente do universo: “Fui com o Lucho. Não espere que eu volte cedo”.
“Obrigada, maldita luxúria alheia”, murmurou, sorrindo sozinha.
Sentou-se na beira da cama, mas não por muito tempo. Levantou-se imediatamente, andando em círculos como se pudesse se livrar do que sentia apenas se movimentando. Mas não. Nero continuava lá; em sua cabeça, em sua pele, em sua boca.
— Maldita bituca de cigarro — resmungou.
Entrou no banheiro e se despiu lentamente. Enquanto a camiseta deslizava por seus braços, murmurou:
— Não é nada demais... foi só uma conversa. Um cigarro, um... toque indireto dos lábios.
Mas seu corpo não acreditava nela. A água do chuveiro caía sobre ela como uma promessa de controle, de purgação. Ela fechou os olhos. Enxaguou-se lentamente. Quando passou a e