Vanessa Díaz
Enquanto as enfermeiras me ajudavam a tomar banho, Leticia entrou no banheiro e decidiu ajudar também. Dispensou as enfermeiras que foram limpar o quarto e trocar os lençóis. Deu dó das meninas, elas são tão pequenas e eu cresci demais.
Céus, como mudei com o tempo.
Leticia lava meu cabelo com os produtos que Gustavo trouxe. A fragrância me traz uma paz intensa e uma memória me invade: estou em um quarto claro, lavando meus cabelos, várias vozes ao redor, crianças brincando. O shampoo nas minhas mãos é o mesmo daquela lembrança.
— Finalmente se levantou, princesa. — Meu coração dispara ao ouvir a voz dele.
Tento olhar para seu rosto, mas a imagem fica borrada. Vejo-o nu em outro quarto, cheiro de álcool misturado à lembrança, e sinto uma dor de cabeça violenta. A vontade de chorar é mais forte do que eu.
— Eu o abandonei, não é? — Pergunto à sua mãe, que se assusta com meu choro.
— Sim, querida. Você deixou uma carta, falou com o Eduardo, pegou algumas fichas dele de pôqu