Giulia Ricciardi
A água fria escorria pelo meu corpo, mas não era capaz de apagar o incêndio que consumia meu peito. Ela se misturava às minhas lágrimas quentes, escorrendo juntas pelo ralo, levando embora tudo… menos a dor.
Uma dor que queimava, que rasgava, que parecia não ter fim.
O vazio dentro de mim era um abismo sem fundo. Nada poderia preenchê-lo, porque nada, nada nesse mundo poderia trazer Marco de volta.
Meu irmão.
Meu protetor, meu confidente, meu melhor amigo.
O peso da realidade ainda não havia caído sobre mim por completo. Eu me agarrava a uma esperança irracional, como se, ao sair deste banheiro, eu pudesse encontrá-lo no corredor, sorrindo de canto, me dando um beijo na testa como fazia todas as manhãs.
Mas eu sabia que isso não aconteceria.
A lembrança daquela ligação ainda ecoava na minha cabeça.
O telefone tocou, e nossa mãe atendeu com pressa. Eu e Francesca trocamos um olhar ansioso. Talvez ele tivesse acordado do coma. Talvez… talvez tivéssemos mais uma